Domingos Olívio Pauluci

1964

Com texto de Marco Antonio Deprá.

Domingos Olívio Pauluci nasceu em 22/07/1931 em São Manuel do Paraíso, município paulista hoje denominado apenas como São Manuel, vizinho a Botucatu (SP). Seus pais eram Pierino Pauluci e Maria Gilda Bordini, ambos descendentes de italianos. Pierino faleceu quando Domingos tinha apenas dois anos de idade, deixando a viúva e outros dois filhos: Antônio Remígio, o mais velho, e Maria Apparecida, recém nascida.

Desde adolescente, Domingos trabalhou em lavouras de algodão. Depois, aprendeu o ofício de mecânico e de torneiro, enquanto trabalhava em uma oficina mecânica na cidade de Presidente Bernardes, vizinha a Presidente Prudente (SP). 

Ainda jovem, Domingos, o irmão Antônio e o amigo Milton Xavier de Mendonça constituíram uma oficina mecânica em Santo Anastácio, cidade próxima a Presidente Bernardes (SP).

Depois, ainda morando em Presidente Bernardes, Domingos passou a ser sócio-administrador de um posto de combustíveis em sociedade com Leonildo Denari prefeito da cidade.

Em 1958 seu irmão mais velho Antônio Remígio e o potiguar Milton Xavier de Mendonça, nascido em Macaíba (RN), então moradores de Presidente Bernardes (SP), resolveram empreender no Norte do Paraná. Em Maringá, fundaram a Metalúrgica Xavier Pauluci Ltda.. Instalada na Avenida Mauá, nº 1288, na Vila Operária, a empresa fabricava desde rodas de carroças até carroceria de caminhões e também caixas de água metálicas. A empresa ficou famosa por também produzir alambiques de óleo de hortelã, planta herbácea que era muito cultivava em pequenas propriedades rurais na região Norte do Paraná.


Fotografia do início da década de 1960. Equipe de funcionários da Metalúrgica Xavier Pauluci Ltda.. No círculo vermelho Antônio Remígio Pauluci e no círculo verde Milton Xavier de Mendonça (Acervo da família).

Em 1960, a Metalúrgica Xavier Pauluci Ltda. construiu a sua primeira draga, tipo de embarcação flutuante destinada a retirar areia do fundo dos rios, que foi encomendada por uma empresa instalada em Guairá (PR), às margens do Rio Paraná. 

Em 1964, Domingos casou-se na cidade de Presidente Bernardes (SP) com Maria Aparecida Luiz. Em seguida, mudou-se para Maringá (PR) passando a ser sócio proprietário da Metalúrgica Xavier Pauluci Ltda., juntamente com seu irmão Antonio e o amigo Milton Xavier de Mendonça.


Maria Aparecida Luiz e Domingos Olívio Pauluci (Acervo da família).

Maria Aparecida Luiz nasceu em 27/11/1944 em Presidente Bernardes (SP). Em Maringá atuaria como professora no Grupo Escolar Dr. Osvaldo Cruz e no Colégio Estadual Theobaldo Miranda Santos.


Google Earth – Cidades onde Domingos residiu.

No início de 1968, houve a cisão da empresa Metalúrgica Xavier Pauluci Ltda.. O sócio Milton Xavier de Mendonça fundou então a Caldeiraria Brasil Ltda., empresa que fabricava alambiques e que foi instada na Avenida Mauá, nº 1248, bem ao lado a Metalúrgica Xavier Pauluci Ltda.

Em 12/02/1968, os irmãos Antonio Pauluci e Domingos Olívio Pauluci fundaram a Indústrias Reunidas Maringá Ltda., tendo como nome fantasia Alambiques Maringá. A empresa continuou no mesmo endereço, na Avenida Mauá, nº 1288.


Fachada das instalações da Indústrias Reunidas Maringá Ltda. na Avenida Mauá, nº 1288, em Maringá. No primeiro plano o tanque produzido pela empresa e instalado no caminhão (Acervo da empresa).


Google Earth – Mapa da localização do terreno onde a Metalúrgica Xavier Pauluci Ltda. e depois a Indústrias Reunidas Maringá Ltda. foram instaladas.

Domingos Olívio Pauluci e sua esposa Maria Aparecida Luiz, tiveram dois filhos, ambos nascidos em Maringá (PR):
- Jaqueline Pauluci Bosio, nascida em 22/01/1972; e
- Daniel Pauluci, nascido em 07/10/1976.

A mãe de Domingos casou-se em segundas núpcias com Luiz Lavezo com quem teve mais três filhos: José, Terezinha e Élcio.  José Lavezo, nascido em 28/10/1942 em Presidente Bernardes (SP), também migrou para Maringá e tornou-se sócio da Indústrias Reunidas Maringá Ltda., junto com Domingos e Antônio. 


José Lavezo, em pé de calça escura no pátio da Indústrias Reunidas Maringá Ltda., na Avenida Mauá.

No início dos anos 1970, a empresa F. Andreis & Cia. Ltda., que à época detinha a concessão da travessia do Rio Paraná em Guaíra (PR), solicitou que a Reunidas construísse batelões feitos de chapas metálicas para substituir suas antigas embarcações de madeira utilizadas no transporte de veículos que cruzavam o Rio Paraná com destino ao Mato Grosso e ao Paraguai. 

Atestando a qualidade destas embarcações produzidas pela Reunidas, a F. Andreis também fez encomendas de balsas e rebocadores para atender suas filiais em Guaratuba (PR) e na cidade de Rio Grande (RS). Foi desta maneira que a empresa Indústrias Reunidas Maringá (marca IRM) começou a ser conhecida nacionalmente pela sua produção de excelência no ramo da construção náutica.

Em 18/08/1972, a fim de reunir esforços e promover a sinergia do setor metalmecânico, Domingos Olívio Pauluci liderou a criação da Reunidas S/A, Indústria, Comércio e Exportação de Implementos Agrícolas e Rodoviários, que operava nos segmentos de metalurgia, fundição e de estaleiro fluvial e marítimo. A empresa passou a contar com unidades nas cidades de Maringá (PR), Belém (PA), Antonina (PR) e São Paulo (SP).

Na verdade, a Reunidas S/A aglutinou as seguintes empresas maringaenses já existentes: 

-    Indústrias Reunidas Maringá Ltda.;

-    Metalúrgica BROMAN Ltda., empresa fundada em 02/08/1966 pelo empresário Felizardo Meneguetti;

-    IMAM – Indústria de Máquinas Agrícolas Ltda., empresa fundada em 16/11/1966 e que tinha como nome fantasia Trilhadeiras Maringá. Em 1974 tinha filiais em Campo Mourão, Ubiratã, Assis Chateaubriand, Santo Antonio da Platina e Umuarama e produzia e comercializava trilhadeiras e colhedeiras para diversos estados brasileiros (Paraná, Mato Grosso e Goiás) e para países da América do Sul (Bolívia, Venezuela, Peru e Paraguai). Sua diretoria era formada por:
-     José Pacheco dos Santos (Presidente);
-     Agenor José Scopel;
-     Querino Bevilaqua;
-     José Maurício Fortes; e
-     Antonio Alexandre Pereira

 -    IMAPSA – Indústria de Máquinas Agrícolas Paraná S/A. que viria a ser fundada em 22/03/1974 e presidida por José Pacheco dos Santos;

Em 02/09/1972 a Reunidas S/A inaugurou sua loja na Praça José Bonifácio,    nº 43, onde comercializava ferragens, máquinas operatrizes, e transportes diversos.


Fachada da loja de ferragens da Reunidas S/A, instalada na Praça José Bonifácio, nº 43, publicada na edição de 06/09/1972 do periódico Folha do Norte do Paraná, de Maringá.


Rebocador “Alvorada” construído pela Reunidas S/A para operar em Guaíra, no Rio Paraná (acervo da empresa)


Em 1974 a empresa fabricou um rebocador e uma balsa para a empresa colonizadora INDECO, para navegação pelo Rio Telles Pires, em Aripuanã (MT). Aquela foi a 28ª embarcação que a empresa entregou no prazo de 20 meses. Já havia embarcações construídas pela empresa navegando no mar e em rios do Mato Grosso, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.


Edital de Convocação de Assembleia Geral Extraordinária da Reunidas S/A, publicado na edição de 31/05/1974 do periódico Folha do Norte do Paraná, de Maringá.


Em agosto de 1974 a Reunidas S/A já estava instalada em um amplo prédio na Rodovia PR-317, Km 2, onde construía tanques para transportes de líquidos, bronzinas, bielas, buchas, carroças, catracas, trucks para carroças, carrocerias, carretas agrícolas, chatas para transporte em granel, lanchas, barcos de pesca e alambiques, notadamente para produção de óleo de hortelã.


Instalações da Reunidas S/A em 1974, empresa situada em Maringá às margens da PR-317, na saída para Campo Mourão. Fonte: Folha do Norte do Paraná.


Google Earth – Localização da sede da empresa Reunidas S/A em Maringá, na saída para Campo Mourão.

Nesta época, a empresa era administrada pelas seguintes pessoas:
- Domingos Olívio Pauluci, diretor-presidente;
- Euzébio Serkonek, diretor-comercial;
- Antonio Zibordi, diretor-industrial;
- José Lavezo, diretor-financeiro;
- Waldomiro Arenhart, diretor-superintendente;
- Mário Valêncio, gerente;
- Geraldo Bento, jurídico;
- Juvenal Ferreira, assessor;
- Wilson Zibordi, assessor;

A empresa contava ainda com dois engenheiros: 
- Eduardo Henrique Giroldo, engenheiro naval; e
- Friedrich Laibunagut.

Em 16/04/1978, a Reunidas S/A estava em processo de fabricação de uma lancha construída com chapas metálicas contendo gabinete médico e dentário para uso da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Assim que o trabalho foi concluído, a lancha foi utilizada para prestar assistência aos moradores do litoral paranaense.

Em 05/06/1978, Domingos criou uma empresa para extração de areia, em Atalaia (PR).

Em 1979, Domingos vendeu sua participação societária na empresa Reunidas S/A para a família Meneguetti, gestora da Usina Santa Terezinha, que alterou a razão social para Destil Metalúrgica Ltda., instalada no mesmo endereço, especializando-se na fabricação de micro destilarias de álcool ao abrigo do Programa Paranaense de Micro Destilarias.

A partir de então, Domingos passou a atuar no ramo de garimpo de ouro em Rondônia, na região norte do país. Foi ele quem produziu a primeira bomba de dragagem para a empresa Noma S/A. que à época atuava naquele ramo.

Em 20/11/1984, após retornar de suas atividades em Rondônia, Domingos criou a Pauluci Comercial de Ferragens Ltda., empresa especializada na venda de ferragens instalada inicialmente na Avenida Colombo ao lado da atual Fiat Sala, quase na esquina com a Rua Aristides Lobo. Posteriormente transferiu-se para o terreno da Avenida Mauá, nº 1288.

A partir de 1990, Domingos especializou-se na construção de dragas para areia. Então a empresa passou a ser denominada Pauluci Construções Náuticas e Ferragens Ltda.

Em 2015, a empresa transferiu-se para um amplo terreno com área de 7.628,40 m² situado na Avenida Vereador João Batista Sanches, nº 1354, no Distrito Industrial 2, em Maringá, passando a produzir embarcações em sistema pré-moldado.


Google Earth – Em amarelo a atual localização da empresa Pauluci Construções Náuticas e Ferragens Ltda.


Domingos e a embarcação “Independência” construída pela empresa (acervo da empresa)

Domingos Olívio Pauluci faleceu em 06/12/2018 em Maringá e seu corpo está sepultado no Cemitério Municipal de Maringá. Começou a estudar apenas depois dos 40 anos e se tornou uma das pessoas mais relevantes no setor da construção naval no Brasil, através de suas balsas, rebocadores, lanchas e dragas. Durante sua vida também se dedicou à atividade agropecuária, mineração de ouro, extração de areia para construção de barragens e comércio de ferragens, entre as muitas variadas atividades que empreendeu.

A empresa Pauluci Construções Náuticas e Ferragens Ltda. continua sua atuação agora sob a administração de Daniel Pauluci, filho de Domingos Olívio Pauluci. Desde o falecimento de seu criador, a empresa já produziu diversas embarcações que se somam a tantas outras por ela fabricadas e que navegam pelo mar e pelos rios São Francisco, Iguaçu, Paraná, Tietê, e tantos outros em praticamente todos os estados brasileiros e em até outros países.


Domingos e o filho Daniel no interior das amplas e modernas instalações da Pauluci Construções Náuticas e Ferragens Ltda. (acervo da empresa).

A seguir fotografias de algumas embarcações construídas pela empresa nos últimos anos.


Embarcação construída pela empresa (Acervo de imagens da empresa Pauluci).


Embarcação construída pela empresa (Acervo de imagens da empresa Pauluci).


Embarcação construída pela empresa (Acervo de imagens da empresa Pauluci).


Embarcação construída pela empresa (Acervo de imagens da empresa Pauluci).

Fontes: Depoimentos de Daniel Pauluci / Acervo de imagens da Família Pauluci / Acervo de imagens da empresa Pauluci Construções Náuticas e Ferragens Ltda. / Acervo Maringá Histórica.



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