O ensaio de uma greve geral em Maringá - 1968

1968

Após a instauração do golpe militar em abril de 1964, uma nova conjuntura política foi implantada. Uma medida, característica ao novo regime, foi a "operação limpeza" que cassou personagens empossados, democraticamente, em cargos políticos e perseguiu lideres sindicais, estudantis, jornalistas e intelectuais que se opunham ao novo sistema.

O projeto "Brasil: nunca mais" cita que cinco maringaenses foram processados (em verdade, alguns foram perseguidos e abandonaram o cargo e evadiram-se da cidade para evitar a prisão). Mas, perante pesquisas, foram seis pessoas perseguidas. Eram eles: Antônio Cecílio, Bonifácio Martins, Cézar e Salim Haddad, José Lopes dos Santos e José Rodrigues dos Santos.

Neste primeiro momento, personagens da elite empresarial de Maringá foram "convidados" a se posicionar com relação a alguns suspeitos de oposição. Manoel Mário de Araújo Pismel, então presidente da Associação Comercial de Maringá no período da constituição da Ditadura Militar, recebeu uma listagem de pessoas, incluindo Dom Jaime Luiz Coelho, então bispo da cidade, e ele tinha de contar se a pessoa era ou não comunista ou contrário ao governo.

As organizações de esquerda, em Maringá, começaram a ganhar corpo no final de 1965. Foi a união estudantil que passou a encampar a luta armada revolucionária.

Reginaldo Benedito Dias cita: "Um núcleo de estudantes se encontrava organizado em um Centro Cultural, sediado na Biblioteca Municipal. Outro era oriundo do Colégio Gastão Vidigal, iniciado na política pelo trabalho de promoção social realizado por uma freira, a Irmã Jeanne. (...)"

Mas, sem dúvidas, a organização que gerou grande impacto para a elite militar na cidade foi a Ação Popular (AP). Implantada em Maringá no ano de 1968, articulou a greve na Cia. Norpa Industrial, ocorrida em outubro daquele mesmo ano. O objetivo era executar uma greve geral na cidade, que iria ser disseminada por outras categorias. Dom Jaime Luiz Coelho chegou a mediar o conflito na Norpa.


Cia. Norpa Industrial - 1968

A paralisação não se espalhou como esperado. Contudo, foi um dos maiores enfrentamentos da extrema esquerda de Maringá a Ditadura Militar.

A Maringá do Período Militar ainda é um assunto que necessita ser melhor pesquisado e debatido.

Fonte: Dr. Reginaldo Benedito Dias - Citações diversas / Acervo Maringá / Anuário de Maringá - ANO VII Nº 7 - 1969

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