2017
O 28º Festival Nipo-Brasileiro, em 2017, teve entre suas atrações uma exposição de telas do artista plástico Massayuki Seko, que morreu em 2010, aos 72 anos. Natural de Cambará, no Paraná, Seko é considerado um dos mais importantes artistas plásticos paranaenses e possui obras expostas em diversos países. Seus trabalhos estão espalhados em diversos locais públicos e privados de Maringá.
Autodidata, o artista realizou sua primeira exposição individual em 1978, com o tema Floresta Amazônica. Para Seko, ter vivido na floresta foi uma das experiências mais gratificantes que o destino lhe proporcionou. Em vida, o artista plástico vendeu e doou alguns de seus quadros para acervos artísticos na Finlândia, França, Bolívia, Japão, Estados Unidos e no Brasil.
Um texto assinado por Vinícius Lima no portal Revista Wit (dedicado às artes plásticas) assim o descreveu:
“Embora seu acervo já tenha chegado a países como Finlândia, França, Bolívia, Japão e Estados Unidos, sua arte e estilo únicos ainda são presentes em locais de circulação pública na cidade onde passou a maior parte de sua vida e faleceu aos 72 anos. Hospitais, clínicas e recepções de hotéis em Maringá são alguns dos cenários que emolduram suas telas ainda hoje.
Seko, como se tornou conhecido, nasceu em Cambará (PR) no final da década de 1930, mas só começou a dar seus primeiros passos na carreira artística quase aos 40 anos no período em que se mudou para o Pará, onde viveu na floresta amazônica junto do grupo Jari, um projeto liderado por um alemão que promovia o cultivo e exportação da celulose extraída da Gamelina, uma planta que é a principal matéria-prima na fabricação do papel moeda.
Seus amigos do projeto foram os primeiros a identificar o talento de Seko e o incentivaram a seguir carreira artística. Mas foi sua esposa, Elizabeth, a verdadeira força propulsora daquele jovem talento. Nascida no Pará, Beth conheceu Seko por meio do projeto Jari. Já casados, eles viajaram para Londrina onde a família de Seko ainda está em grande parte estabelecida. Na ocasião eles passaram por Maringá, cidade pela qual se apaixonaram à primeira vista e decidiram fazer dela o berço de sua nova família.
Beth e Seko tiveram 3 filhos, Erika, Pablo e Bianca, nenhum dos quais decidiram viver de arte, como o pai. A filha mais velha, Bianca, conta que o pai apenas conseguiu se dedicar integralmente à arte quando sua mãe optou por ser a principal provedora financeira do lar. ‘Antes de se mudar para o Pará meu pai tinha uma pequena empresa de entregas em São Paulo, em Maringá ele trabalhava no Sesc, mas minha mãe percebeu que ele não era 100% realizado. Como ela tinha um bom rendimento como enfermeira, acabou o convidando a se dedicar a arte e ao lar’, explica a filha.
Nas memórias de infância de Bianca, ela encontra um pai que sempre foi muito presente e que gostava de cuidar dos filhos. ‘Ele nos arrumava para ir à escola todos os dias, enfeitava nossos cabelos com laços e sempre preparava a mamadeira, o lanche, o suco de tomate, de cenoura... nada era industrializado’, lembra Bianca com carinho.
O apoio incondicional da esposa contrastou com a resistência que Seko encontrou, no início, por parte de sua família. Filho de Oshinobo Seko, um dos primeiros japoneses a desembarcar no Brasil no período de imigração que iniciou no ano de 1908, Seko teve 9 irmãos, 5 mulheres e 4 homens, nenhum dos quais se voltou para a veia artística. Oshinobo queria que seus filhos estudassem para se formar em uma profissão. Ele mesmo foi um homem de negócios que acumulou riquezas e terras e por muitos anos teve grande influência na comunidade nipônica de Londrina. Mas passados os anos, o próprio Sr. Oshinobo se descobriu artista, ou melhor, poeta. Ele publicou livros e por décadas foi colunista no Jornal de Londrina, tendo falecido aos 92 anos de idade.
Em sua trajetória artística Seko foi inúmeras vezes convidado para dar aula de pintura. Entretanto, recusou todas por um simples motivo: ele sempre foi autodidata e acreditava que seu estilo único não podia ser ensinado. Bianca nos conta que ele não usava apenas pincéis em suas composições, mas principalmente a mão e elementos somados à tinta acrílica, como cola, gerando telas que têm profundidade e textura. ‘O maior hobbie dele era praticar o seu estilo'.
Seko teve a oportunidade de expor seus trabalhos em diversas ocasiões, inclusive no Japão onde morou durante 5 anos na década de 1990. Em Maringá suas telas já estiveram no Clube Hípico, Teatro Calil Haddad, Biblioteca Municipal, no antigo hall da Prefeitura e no então banco Banestado. Ainda é possível encontrar telas assinadas por Seko à venda na Estilo’s Quadros e Molduras, localizada no número 519 da Avenida Dr. Luiz Teixeira Mendes, loja criada pelo já falecido José Carlos, um grande amigo de Seko.
Quando perguntamos para Bianca como foi ser criada por um artista, ela explica que cresceu em um mundo livre de preconceitos e julgamentos. ‘O artista é autor da diversidade e tem uma visão diferente das coisas. Foi somente na escola que eu percebi que, infelizmente, as pessoas enxergam um ao outro com indiferença por suas diferenças’.”
Fontes: www.revistawit.com / Maringá.com / Acervo do jornalista Marcelo Bulgarelli / Acervo Maringá Histórica.
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