1997
Como oficial de Justiça, foi durante anos responsável por mandados de busca e de prisão de violentos marginais. As dificuldades começavam pela precariedade dos meios de condução da época. Garcia partia a pé para lugares distantes, lugarejos de difícil acesso. Muitas vezes conseguia um jipe ou ia de carona em carroça.
Em algumas oportunidades, Garcia tinha que localizar pessoas sozinho. Foi o caso de Paulo Vargus, um vereador que assassinou a própria esposa e mais tarde foi encontrado pelo oficial de Justiça em Apucarana.
Outra história registrada foi a prisão de um marginal conhecido como "Baianão". Forte, musculoso, era temido por muita gente como um perigoso ladrão de gado. Só para se ter uma ideia da força de "Baianão", o homem ficou conhecido por matar boi com apenas um soco na cabeça do animal. Lendas que ajudaram a construir a imagem deste personagem.
Garcia localizou o bandido, conversou como "quem não quer nada" e em seguida conseguiu algemá-lo com a ajuda de um policial. "O pior for a mulher do Baianão que me xingava no meio da rua. Tivemos que prende-la também", contou.
Natural de Botucatu, estado de São Paulo, Rafael Garcia chegou à região em 1952 quando foi subprefeito de Itambé. Em 1956 era subprefeito de Sarandi enquanto seu irmão, Antônio Garcia Netto, assumia a prefeitura de Marialva. Somente em 1958 se estabeleceu na cidade de Maringá.
Sua carreira como oficial de Justiça no Município de Maringá começou no dia 18 de outubro de 1964. Eram seis oficiais, um juiz e apenas um promotor. A cidade tinha crescido desde a inauguração e a população ainda convivia com a lama, falta d'água e com as constantes interrupções de energia elétrica.
Rafael Garcia também foi personagem do primeiro grande crime local com repercussão nacional: o assassinato do jovem Clodimar Pedrosa Lô, de 15 anos, em 1967, funcionário do extinto Palace Hotel. Acusado injustamente de ter roubado dinheiro de um hóspede, o jovem foi preso e torturado até a morte por dois soldados.
Garcia foi o responsável por levar o corpo de Clodimar para ser autopsiado em Curitiba. "Saímos bem cedo com o carro da extinta funerária Cruzeiro. O corpo do rapaz estava sob minha responsabilidade", lembrou. Ele acompanhou toda a autopsia. "Foi uma coisa horrível. O garoto morreu de tanta pancada na cabeça. Não dá pra esquecer...".
Fontes: Livro – Maringá: Meio Século de História, de O Diário do Norte do Paraná / Acervo do jornalista Marcelo Bulgarelli / Acervo Maringá Histórica.
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