“Maringá: cidade de fama. Quando não tem poeira, tem lama”. O epíteto de autoria de Antonio Mário Manicardi, o Nhô Juca, referia-se à famosa terra roxa de Maringá, que no período de seca cobria a cidade com uma poeira fina e densa, de cor avermelhada, que invadia as casas. Relatos da época apontam que era necessário varrer a casa diversas vezes ao dia para conter a invasão insistente deste elemento. 

O problema da poeira era amenizado pelas chuvas, que umidificando o solo, impedia o pó de circular no ar, mas criava outro problema, a lama. O barro argiloso grudava nos solados de calçados deixando-os pesados, dificultando uma caminhada segura. O barro é uma marca indelével na memória dos maringaenses pioneiros. 

Um desses pioneiros, o alemão Edgar Osterroht, projetista e funcionário da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, era, ainda, um artista que assiduamente registrava paisagens e personagens. 

A charge acima foi publicada em 1997, no aniversário de 50 anos da cidade, cuja data de fundação corresponde a 1947, quando se deu início às vendas de lotes na região projetada por sua colonizadora. 

Na imagem, que inspira modernidade, um casal bem vestido está diante de uma avião. O rapaz, usando o que parece ser um quepe de piloto, trajando preto, tem no rosto uma expressão de surpresa, enquanto olha para baixo. A mulher, também trajando preto, segura uma prancheta e tem a cabeça voltada para o homem à sua esquerda. Os pés e calçados dos personagens não podem ser vistos, pois estão recobertos por uma massa pegajosa que cobre-os até o calcanhar. 

A expressão de incredulidade e frustração dos personagens pode ser uma referência às dificuldades enfrentadas pelos habitantes de uma Maringá ainda sem calçamento, ao passo que os personagens bem vestidos e em frente ao avião podem referência ao desenvolvimento da elite maringaense.

Fontes: Acervo Maringá Histórica / Gerência de Patrimônio Histórico de Maringá / Acervo da família Osterroht.

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