Contorno Norte de Maringá – Uma pequena história

1977

Com texto de Marco Antonio Deprá

Durante a segunda gestão do prefeito João Paulino Vieira Filho (01/02/1977 a 13/05/1982) foi realizado um profundo estudo para definir o plano de expansão da cidade de Maringá. O trabalho foi coordenado pelo arquiteto Nildo Ribeiro da Rocha Neto, baseado em levantamento aerofotogramétrico realizado em 1977.

O trabalho foi concluído em 1979, quando então foi apresentado à comunidade o Plano de Diretrizes Viárias, que passou a coordenar e orientar o crescimento urbano, estabelecendo regras e normas para loteamentos e corrigindo distorções. Foi criado um novo perímetro urbano, englobando todos os loteamentos, legalizados ou não, e traçando a malha dentro dele, baseada nos padrões do plano original elaborado por Jorge de Macedo Vieira. Este trabalho foi realizado garantindo o direito de propriedade e a preservação dos mananciais e meio ambiente.

O plano previa duas avenidas perimetrais projetadas para tangenciar as bordas do novo perímetro urbano da cidade. As faixas de terras reservadas para tal fim eram de 60 metros de largura, suficientes para implantar vias rápidas e também vias marginais para trânsito local. Foi sobre estas faixas de terras que seriam implantados o Contorno Sul, inaugurado em 28/10/1988 durante a gestão do governador Álvaro Dias e do prefeito Said Felício Ferreira, e o Contorno Norte, inaugurado em 10/01/2014, nos governos da presidente Dilma Rousseff, do governador Beto Richa e do prefeito Roberto Pupin.

Principais condicionantes do Plano de Diretrizes Viárias de 1979. 
Imagem Google: Em vermelho, as rodovias que cruzam o município de Maringá (branco). Em laranja a Avenida Perimetral Norte. Em verde, a Avenida Perimetral Sul. 
Imagem Google: O traçado da Avenida Perimetral Norte, atual Contorno Norte (9) tem início e fim na Avenida Colombo (1). Em 1979, quatro grandes avenidas cruzavam o traçado do futuro Contorno Norte: Guaiapó (4); Morangueira (5); Miosótis, hoje Kakogawa (6); e Mandacaru (7). Outras avenidas menores também já chegavam ao traçado do Contorno Norte: Osires Stenghel Guimarães (2); dos Palmares (3); e Alziro Zarur (8).


Em 1979, o traçado do futuro Contorno Norte passava por chácaras e sítios, mas bem próximo dele existiam alguns loteamentos já implantados.

Imagem Google: O Jardim América (em azul), teve seu loteamento autorizado pela prefeitura em 01/04/1976. O acesso ao bairro dava-se através da Avenida Guaiapó (1) e pela Avenida Osires Stenghel Guimarães (3) ou pela Avenida dos Palmares (2). Já o Jardim Liberdade IV (em verde), foi autorizado em 30/01/1979 e também tangenciava o traçado do Contorno Norte (4). O acesso principal ao bairro se dava pela Avenida Osires Stenghel Guimarães (3) e por ruas vizinhas. 

Imagem Google: O Jardim Tropical (em verde) foi autorizado em 29/11/1976 sendo que o acesso ao loteamento era feito pela Avenida Mandacaru (1). Já o Conjunto Habitacional Ney Braga (em amarelo) foi implantado em 1979 sendo que seu acesso era feito pela Avenida Alziro Zarur (2) ou pela então Avenida Sabiá (3), que foi construída sobre o traçado do futuro Contorno Norte.
Imagem Google: O Conjunto Habitacional Herman Moraes Barros (em verde), foi implantado em 1979 na Avenida Miosótis (2), atual Kakogawa, que tem início da Avenida Morangueira (1). Em 1979, era um dos bairros mais distantes do centro da cidade.
Imagem Google: O Conjunto Habitacional Branca de Jesus Camargo Vieira (em amarelo) foi implantado em 1979 e tinha acesso pela Avenida Guaiapó (1) e também por caminho improvisado a partir do final da Avenida Tuiuti. Já o Jardim Ebenezer (em verde) foi autorizado em 29/05/1979 e seu acesso dava-se pelos fundos do Jardim Alvorada, que poderia ser acessado pela Avenida Morangueira (2).


Em 1999, vinte anos após a aprovação do Plano de Diretrizes Viárias, já existiam doze novos loteamentos implantados além do traçado da Avenida Perimetral Norte (futuro Contorno Norte). 

Imagem Google: Loteamentos existentes ao final de 1999, além do traçado do Contorno Norte (em laranja), conforme tabela abaixo.

Ordem / Loteamento /  Data do Alvará
1 Parque Hortência II 23/12/1981
2 Conjunto Habitacional Itatiaia 31/05/1989
3 Conjunto Residencial Thaís 30/07/1991
4 Jardim Continental 29/12/1992
5 Conjunto Habitacional Requião 21/10/1993
6 Conjunto Residencial Guaiapó 26/06/1995
7 Jardim Atlanta 02/10/1996
8 Jardim Rebouças 13/12/1996
9 Jardim Andrade 13/08/1997
10 Jardim Ibirapuera 09/11/1998
11 Recanto Kakogawa 26/08/1999
12 Condomínio Cidade Campo  01/09/1999

Interessante notar que apenas dois loteamentos são cortados pelo traçado da Avenida Perimetral Norte (Contorno Norte): o Conjunto Habitacional Itatiaia (2), autorizado em 31/05/1989, e o Conjunto Habitacional Requião (5), autorizado em 21/10/1993.

Durante a década de 2000 a cidade continuou a se expandir. Até 12/12/2008, quando foi assinada a ordem de serviço para o início as obras de construção do Contorno Norte, outros dezesseis loteamentos foram implantados além do traçado original da Avenida Perimetral Norte.


Imagem Google: Loteamentos implantados entre 2000 e 2008 além do traçado do Contorno Norte, conforme tabela abaixo.

Ordem / Loteamento / Data do Alvará
1 Loteamento Residencial Regente 03/02/2000
2 Condomínio Portal das Torres 15/06/2000
3 Condomínio Rural Ana Rosa 27/06/2000
4 Condomínio Andrade 30/06/2000
5 Jardim Paris III 18/09/2000
6 Moradias de Atenas - Parte1 27/09/2000
7 Condomínio Bela Vista I e II 13/11/2000
8 Condomínio Santa Maria 13/11/2000
9 Jardim Paulista I 27/11/2000
10 Condomínio Santa Marina 01/12/2000
11 Jardim Paulista II 08/02/2002
12 Jardim Diamante 23/05/2002
13 Parque Residencial Andrea 16/07/2002
14 Jardim Paulista III 02/06/2004
15 Jardim Monte Rei 25/11/2004
16 Jardim Guairaçá 16/06/2006

Imagem Google: Loteamentos implantados além do traçado do Contorno Norte até o final de 2008, quando tiveram início as obras de sua construção.


O Contorno Norte tem 17,6 km de extensão. Para evitar longos trechos em aclive, o leito original da faixa de terras teve que ser escavado criando trincheiras ou elevados em alguns trechos, principalmente para transpor os cursos d´água. Isto provocou o isolamento de alguns bairros levando à necessidade de construção de viadutos e de algumas passarelas para pedestres ao longo da via. 

Imagem Google: Primeiro trecho do Contorno Norte, a partir do Viaduto da Coca-Cola, conforme tabela a seguir.

1 Elevado / Viaduto de Acesso Pioneiro Manoel Revaldaves da Silva
2 Retorno
3 Retorno
4 Passarela 01
5 Elevado / Viaduto sobre a Avenida Alziro Zarur
6 Passarela 02
7 Elevado / Viaduto sobre o Ribeirão Maringá
8 Passarela 03
9 Viaduto da Avenida Mandacaru
10 Passarela 04
11 Elevado / Viaduto sobre o Córrego Mandacaru
12 Passarela 05
13 Viaduto da Avenida São Judas Tadeu
14 Viaduto da Avenida Kakogawa
15 Passarela 06
16 Canalização do Córrego Miosótis

Imagem Google: Segundo trecho do Contorno Norte, a partir do Córrego Miosótis.

16 Canalização do Córrego Miosótis
17 Viaduto da Avenida Américo Belay
18 Trevo de Acesso e Viaduto da Avenida Morangueira
19 Elevado / Viaduto sobre a Avenida Pedro Taques
20 Passarela 07
21 Passarela 08
22 Elevado / Viaduto sobre o Ribeirão Morangueira
23 Passarela 09
24 Viaduto da Avenida Tuiuti
25 Passarela 10
26 Viaduto da Avenida Guaiapó
27 Viaduto da Avenida Franklin Delano Roosevelt
28 Retorno
29 Passerela 11
30 Elevado / Viaduto de acesso à Avenida Osires Stenghel Guimarães
31 Passarela 12
32 Elevado / Viaduto de acesso Elizete Aparecida Romangnoli Piveta Assunção

Em 10/04/1995, a Lei Municipal nº 3.754, assinada pelo prefeito Said Felício Ferreira, denominou de Major Abelardo José da Cruz o Contorno Norte, em toda a sua extensão.  O comandante da 4ª Companhia de Polícia Rodoviária, à época capitão Abelardo José da Cruz, perdeu a vida em circunstâncias trágicas na manhã do dia 23/12/1994, quando ajudava dois patrulheiros a retirar animais do meio da rodovia, no Km 185 da BR-376, entre Sarandi e Marialva. Um caminhão desgovernado colheu violentamente a viatura policial no acostamento da pista. Capitão Abelardo, que estava fora do carro, ainda tentou correr, mas teve o corpo esmagado pela própria viatura. Ele estava cerca de dois quilômetros do Posto Policial de Marialva, onde abriria a “Operação Natal”, uma campanha de prevenção de acidentes que teria a distribuição de panfletos educativos para motoristas, cartões de Natal e balas para as crianças. O capitão Abelardo (42 anos), estava no comando da 4ª Companhia de Polícia Rodoviária deste 24/11/1989. Sua carreira militar teve início no dia 01/03/1975. Dois anos depois (16/12/1977), já era aspirante a oficial, obtendo a patente de 2ª tenente no dia 10/01/1979. Passou a 1º tenente no dia 06/10/1984 e a capitão em 09/06/1989. Cinco meses após, assumiu o comando da 4ª Companhia. 

A Lei nº 8882/2011 estendeu a nomenclatura da Rua Rodolfo Cremm sobre a Marginal A (norte) do Contorno Norte Major Abelardo José da Cruz. Já a Marginal B (sul) foi denominada Almerinda Silveira Coelho, através da Lei nº 10.203, de 29/04/2016.

Os nomes dos viadutos de entrada e saída do Contorno Norte foram denominados através das Leis Federais nº 13.582, de 26/12/2017 e nº 13.600, de 08/01/2018, de autoria do deputado federal Edmar Arruda.

A primeira lei denominou Viaduto Elizete Aparecida Romangnoli Piveta Assunção o viaduto construído no Km 183,7 da BR-376, próximo à divisa entre Maringá e Sarandi. Natural de Itambé, Elizete começou a trabalhar em Maringá com 13 anos. Conheceu o marido, Benjamin Piveta, em uma das empresas em que atuou como secretária, e teve dois filhos. A empresária também ficou conhecida na área social. Foi voluntária junto à comunidade da Igreja Presbiteriana Independente e ofereceu, além de recursos financeiros, muito carinho às pessoas internadas nos hospitais ou atendidas pelas entidades assistenciais da cidade. Elizete morreu aos 44 anos em um trágico acidente aéreo ocorrido no interior paulista, em 2013. Ela, a filha, Letícia Piveta Assunção (25 anos), o noivo da filha, Eduardo Ermínio de Moraes (29 anos), e os pilotos Luiz Marcondes Rodrigues Filho (54 anos) e Luciana Aguiar da Costa e Souza (35 anos) não resistiram aos ferimentos causados pela queda da aeronave de pequeno porte em que viajavam. “Este acidente não pode servir de memória. Pelo contrário, precisamos lembrar da Elizete enquanto uma pessoa gentil, bem como de seu trabalho dedicado aos que mais precisam. Ela foi e ainda é um exemplo de dedicação, de altruísmo e de perseverança. Espero que o seu nome reflita nos jovens o desejo de dedicar mais tempo em favor do próximo”, reforçou Edmar Arruda ao comemorar a afixação das placas em ambos os elevados. 

A segunda lei denominou Viaduto Pioneiro Manoel Revaldaves da Silva o viaduto construído no Km 172,5 da BR-376, próximo à fábrica da Coca-Cola. Mato-grossense natural de Três Lagoas, e filho de uma índia, Manoel chegou a Maringá em 1950. Motorista profissional, foi um dos primeiros taxistas da cidade, que ainda pertencia à Comarca de Mandaguari. O pioneiro trabalhou, ainda, com o transporte de cargas a fim de sustentar a família. Os filhos seguiram sua atuação e, hoje, além de serem fundadores da Associação de Transporte de Maringá e Região (Astramar), mantêm a atividade para a produção de lenha e em uma empresa de moto-entregas. “O senhor Manoel contribuiu muito com o desenvolvimento de Maringá, transportando pessoas, documentos e encomendas em uma época economicamente difícil, em que as estradas eram precárias”, afirma Edmar Arruda. “Além de uma família comprometida com a nossa cidade, ele deixou um bonito legado ao ramo de transportes.”

Atualmente, ao se examinar o mapa da cidade de Maringá, veem-se poucos vazios urbanos na área contida entre a Avenida Colombo e o Contorno Norte. Uma das exceções é o lote nº 114 da Zona 48, com 6 alqueires paulistas que é cruzado pelo Contorno Norte.

Imagem Google: Em amarelo o lote nº 114, de 6 alqueires paulistas, que é cortado ao meio pelo Contorno Norte e que ainda não foi loteado. A cabeceira do lote está situada na Praça Vitor Rodrigues Martins, na Avenida Mandacaru.


Na Zona 31, também há algumas áreas ainda não ocupadas/loteadas, que podem ser vistas nos mapas abaixo.

Imagem Google: Em amarelo, área ainda não ocupada, situada entre o Contorno Norte (3) e as avenidas Morangueira (1) e Kakogawa (2). 
Imagem Google: Em amarelo, outra área ainda não loteada, situada além do Contorno Norte (1) na Zona 31, no limite do perímetro urbano de Maringá, entre a Avenida Morangueira / PR-317 (2) e o Córrego Miosótis (3). Interessante notar que a via marginal norte, neste trecho, ainda não foi implantada.


Durante os últimos anos foram implantados mais 23 loteamentos além do Contorno Norte.

Imagem Google: Loteamentos implantados além do Contorno Norte nos últimos anos.

1 Residencial Arezzo
2 Loteamento Giardino San Marco
3 Jardim Sofia
4 Jardim Campo Belo
5 Jardim Noroeste
6 Jardim Três Lagoas
7 Conjunto Maurílio Correia Pinho
8 Moradias Atenas - Parte 2
9 Parque Residencial Monte Sinai
10 Jardim Monte Sião
11 Jardim Paris IV
12 Jardim Imperador
13 Jardim Pilar
14 Jardim Ícaro I
15 Jardim Ícaro II
16 Condomínio Residencial Jardim Munique
17 Jardim Oriental
18 Loteamento Sumaré
19 Jardim Colina Verde
20 Jardim Colina Verde 2
21 Jardim Paulista IV
22 Jardim Novo Paulista
23 Loteamento Bom Jardim

Imagem Google: Todos os loteamentos existentes atualmente além do Contorno Norte. No canto inferior esquerdo da imagem, em vermelho, a linha divisória entre as cidades de Maringá e Sarandi, que há anos estão conurbadas.

Fontes: Plano de Diretrizes Viárias de 1979 para Maringá-PR: problemáticas, soluções e influências de sua preocupação ambiental, de Leonardo Cassimiro Barbosa e Fabíola Castelo de Souza Cordovil / Bairros – Arquivo cedido pela Prefeitura Municipal de Maringá / Site: Câmara Municipal de Maringá / Blog do Rigon / Texto e contribuições de Marco Antonio Deprá / Acervo Maringá Histórica. 

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