Verticalização urbana x crise econômica - 1992

1992


Segundo matéria veiculada em O Diário do Norte do Paraná, no dia 10 de maio de 1992, quando Maringá completou 45 anos, a verticalização da cidade vinha marcando o seu desenvolvimento urbano. A imagem que ilustrou aquele conteúdo no impresso trouxe em primeiro plano o espelho d'água da Catedral, tendo ao fundo a verticalização urbana. 

A reportagem apontou que segundo o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, atuavam naquele ano no município mais de 500 engenheiros e cerca de 60 arquitetos. Já na então delegacia do Creci local estavam registrados mais de 550 corretores de imóveis e perto de 150 imobiliárias. 

No mesmo período uma pesquisa foi desenvolvida em parceria com o Secovi com o objetivo de traçar o perfil dos edifícios de Maringá. O resultado mostrou que na época a cidade contava com 450 prédios, num total de 13.016 unidades habitacionais/apartamentos. Ainda, em maio de 1992 havia 244 obras em andamento, que deveriam somar mais 8.649 novas unidades. O dado refletia o impacto positivo, quando Maringá passaria a ter 54,4% a mais de edifícios, com um crescimento de 66,5% no número de habitações e salas comerciais. 

Mas o mercado imobiliário sofreria naquele ano devido a retrações econômicas, fazendo inclusive que instituições se mobilizassem para entender de fato o que estaria ocorrendo pela cidade. 

Em junho de 1992 a então Associação Comercial e Industrial de Maringá (ACIM), por meio do Departamento de Estudos Socioeconômicos (Descon), se juntou ao Sebrae e a três professores da UEM para realizar um censo econômico em Maringá, levantando dados do comércio, indústria e prestação de serviços. Os números divulgados em setembro daquele ano foram desanimadores. 

A crise da era Collor, com inflação de 25% ao mês, não poupou setores da economia. A queda da atividade econômica em Maringá foi de 50%, aproximadamente. Aquele censo constatou que das 10.000 empresas cadastradas na prefeitura apenas 4.600 estavam em atividade, sendo 480 indústrias e as demais dos ramos do comércio e da prestação de serviços. 

De acordo com a Junta Comercial, em 1992 o número de empresas abertas em Maringá foi 25% menor que em 1991: 1.584 contra 2.116.

Outro dado alarmante foi o grande número de empresas que migraram para municípios vizinhos, seduzidas por incentivos na instalação, facilidades na aquisição de terrenos e isenção ou redução de impostos. A migração de capital também se deu por conta de investidores que preferiram adquirir lotes em grandes áreas agrícolas no Mato Grosso, tirando o dinheiro de circulação e desaquecendo o mercado local.

O resultado do fechamento de empresas e a migração de investimentos foi o desemprego. A Agência do Trabalhador registrou, de janeiro a agosto de 1992, 4.933 candidatos a emprego, sendo que foram ofertadas 1.951 vagas e apenas 1.006 candidatos conseguiram trabalho.

No campo, a crise começou no governo Collor que reduziu drasticamente o crédito para a agricultura. Caíram os investimentos em tecnologia, diminuindo a produtividade. Outro problema foram as seguidas estiagens. Como os planos econômicos também afetaram a vida nas cidades o consumo caiu e os preços despencaram - os imóveis, pela primeira vez na história da cidade, se viram desvalorizados. 

Os reflexos no comércio local, tanto varejista quanto atacadista, foram grandes. Segundo projeção da Receita Estadual na época, a tendência era que a arrecadação de Maringá fosse 28% menor em relação ao ano anterior, que já não havia sido favorável.

Aquela preocupação fez com que a classe empresarial se mobilizasse e criasse, em breve, o Movimento Repensando Maringá. Por meio dele, depois de ouvir parte da população, recomendou-se a formação de uma instituição para discutir o planejamento e o futuro do município. Em maio de 1997 foi empossada a primeira gestão do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá, o Codem, sendo o primeiro do gênero no país. 

Fontes: Livro - ACIM: a solidez de um legado / O Diário do Norte do Paraná de 10 de maio de 1992 / Acervo Maringá Histórica. 

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