1991
O frame é de uma reportagem da TV Cultura (RPC Maringá) sobre um sequestro, ocorrido no município de Cambira, (43 minutos de Maringá) em setembro de 1991. Na fuga, os bandidos foram cercados na estrada, depois tomar de assalto um ônibus cheio de boias-frias. A narração do tiroteio entre policiais e sequestradores foi a primeira participação de Idenilson Perin no Jornal Nacional.
“Tem uma história que pouca gente sabe sobre o sequestro. Um fotografo que trabalhou comigo na Folha de Londrina, Takeo, tinha se mudado pro Japão fazia uns 3 ou 4 anos. Na época, não havia internet, celular era raro, e nunca mais tinha ouvido falar dele. Um dia, um parente desse fotógrafo foi na TV e me entregou um pacote, dizendo que Takeo tinha mandado entregar pra mim. Uma fita VHS. Coloquei no videocassete e era um programa japonês com o resumo das notícias do ano. E apareceu cenas do sequestro em Cambira. Foram uns 30 segundos de imagens, 20 segundos deles com meus gritos de desespero narrando o tiroteio. E pegaram justamente a parte que eu falava: ‘Os... os.. os reféns pulam para cima’, quando começou o tiroteio e eles pulavam pelas janelas do ônibus. Pedi para o parente dele agradecer demais... Mas nunca mais encontrei o Takeo”, disse Perin para o Maringá Histórica.
Durante o tiroteio, o jornalista estava com o cinegrafista Valdir Carniel que se escondeu atrás de uma retroescavadeira, plugou o microfone e berrou: "narra isso". Eis a narração:
“Há um fuzil nas costas do refém. O refém ergue as mãos e pede para os policias se retirarem. Tiros são disparados. Os sequestradores começam a trocar tiros com a polícia. Um refém sai correndo... Mais um refém consegue fugir. Há muito tiro de metralhadora... Mais um refém... Um garoto sai, os reféns pulam pra cima, são apenas os sequestradores dentro do ônibus. Meu Deus... Um sequestrador acaba de cair ... Um sequestrador... Há muito desespero. Há um morto na porta do ônibus. Agora cessam os tiros, cessam os tiros, ninguém sabe... Recomeça. Ninguém sabe quem está dentro do ônibus. Há um sequestrador ferido, mas ainda se mexendo... O policial, agora, entra na porta do ônibus. Há um policial sendo protegido, ele vai tentar invadir o ônibus. Há um sequestrador ferido. A polícia agora expulsa a imprensa. Novos tiros. Há um sequestrador, possivelmente, morto”.
“Eu comecei no O Diário do Norte do Paraná, em 1982/83, passei pelo Correio da Cidade (um semanário), Rádio Difusora, Folha de Londrina e entrei pra cobrir férias de produtor na TV Cultura, depois esticaram mais 30 dias pra cobrir férias de um repórter, depois de outro.... e eu fui ficando... (risos)”, disse Perin. “Então passei no vestibular pra jornalismo em Ponta Grossa, e me transferiram pra Curitiba, onde passei mais 5 anos”.
Perin conta que pegou o FGTS e foi estudar nos EUA. “A grana deu pra 7 meses, então voltei e fui chamado pra Globo de Brasília, de lá me transferiram pra Manaus, onde fiquei 2 anos, depois pra Belo Horizonte. Em BH, sai da Globo e voltei pra Manaus, onde mantenho uma produtora de vídeo”, atualizou.
Outro momento importante em sua carreira ocorreu em 1996. Ao desembarcar em Nova Iorque, em férias, se viu no meio de uma terrível nevasca. No terceiro dia na cidade, havia um recado, no hotel: "Ligar para Carlos Henrique Schroder, no Rio de Janeiro". Em vez disso, Perin telefonou para o amigo e editor do Jornal Nacional, em Curitiba, Fernando Rodrigues, de quem ouviu: "Corre para o escritório da Globo porque eles estão precisando de repórter." Lá, descobriu que o correspondente Hermano Henning pedira demissão duas semanas antes; que Paulo Henrique Amorim estava de cama, com virose; que Heloísa Vilela tinha ido a Los Angeles, cobrir os jogos do Brasil na Copa Ouro; que Sonia Bridi não conseguia embarcar da Europa para os Estados Unidos; e que, naquele momento, ele, Idenilson Perin, era o único repórter na sucursal americana da Globo. Resultado: Nos dias que se seguiram, Perin cobriu a nevasca, a separação de Michael Jackson e Lisa Presley, os 10 anos da explosão da Challenger e ainda correu atrás do ex-presidente Collor, em Miami.
Fonte: Livro - Uma Nova Luz na Sala – Histórias da TV Paranaense, de Sandro Dalpícolo, de 2010 / Acervo do jornalista Marcelo Bulgarelli / Acervo Maringá Histórica.
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