Benedito Ruy Barbosa e as lembranças de Maringá, Marialva e Mandaguari

1952


Conteúdo extraído do portal Maringá News, de 21 de abril de 2015:

Autor de novelas de grande sucesso, como Cabocla (1979), Os Imigrantes (1981), Pantanal (1990), O Rei do Gado (1996) e Terra Nostra (1999), o jornalista e publicitário Benedito Ruy Barbosa viveu quase dois anos na região de Maringá, no início dos anos 1950. 

Aos 12 anos ele começou como auxiliar de guarda-livros da firma comercial Antônio Perez, mudou-se para São Paulo e em 1952 veio residir em Marialva e trabalhar na filial da mesma firma em Maringá, conforme registra depoimento à Memória Globo. 

No livro "Autores - Histórias da teledramaturgia", de 2008, também da Globo, ele dá mais detalhes: conta que trabalhou também na filial da empresa em Mandaguari e compara Marialva àquelas cidades de faroeste, "onde não havia nada para fazer". "Eles queriam que eu fosse subgerente, apesar da minha idade. Abandonei tudo em São Paulo, inclusive os estudos, e viajei para o sul, com espírito aventureiro. Pensava em fazer um pé-de-meia. Dei um duro danado", conta.

"À noite, nos reuníamos nos bares, onde se declamava poesia e se contavam casos. A grande maioria era de solteiros. Tinha gente do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Minas Gerais, todos mais ou menos da minha faixa de idade. Rapazes com certa cultura, acima do padrão da região, que chamavam a atenção das filhinhas dos fazendeiros".

Benedito Ruy Barbosa conta sua convivência com a comunidade nipo-brasileira, a experiência com alto-falante e até um jornalzinho da região, além de uma grande geada. "Ainda permaneci por lá durante um tempo, feito barata tonta, indignado porque os cafeicultores começaram a plantar arroz, milho e feijão no meio dos cafezais. Eles transportavam tudo nos caminhões até a porta das máquinas, mas ninguém comprava. Minha mãe pagava 16 cruzeiros pelo quilo de feijão. Em Maringá, eles entregavam a saca por 10, e ninguém comprava. Acabavam fazendo uma montanha de feijão e queimando. Depois recebi ordens para cobrar as dívidas dos nossos clientes fazendeiros. Eles assinavam promissórias - que eu guardava debaixo do colchão, porque era uma atividade proibida, uma operação bancária -, e a gente adiantava dinheiro, para ser pago em café. Era uma forma de assegurar o que eles produziam. Na verdade, ficamos com um monte de promissórias e ordens para tomar bens como caminhão, geladeira etc. Mas eu não tive coragem de fazer isso. Pedi demissão e voltei para São Paulo", diz o depoimento.

Fonte: Maringá News / Foto: João Miguel Junior e TV Globo. 

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