A pré-história da água encanada em Maringá

1950


Na foto, Antônio Marin Filho, pioneiro no fornecimento de água encanada à população de Maringá. Tinha 77 anos em 1997, quando foi entrevistado para o projeto Maringá 50 anos, do jornal O Diário do Norte do Paraná. Na entrevista, Marin contou um pouco sobre a história da água na cidade e o conflito com o prefeito João Paulino. Natural de Pitangueira, interior de São Paulo, foi casado com Bruna, com quem teve oito filhos, vinte e seis netos e oito bisnetos. Chegou a Maringá no dia 4 de agosto de 1943, aos 23 anos, para trabalhar no sítio que seu pai, Antônio, havia comprado em 1939. Faleceu em 11 de setembro de 2001.

"Como todo pioneiro que chegava em Maringá, um dos maiores problemas era falta de água potável na cidade. Muitos tinham saudades da água encanada nas residências de origem. Foi daí que surgiu a ideia de criar um meio para atender a população. Então instalei uma empresa de perfuração de poços artesianos. Em um terreno na Zona 4 (avenida Humaitá, nº 254) fui perfurando diversos poços e ao mesmo tempo, iniciei o encanamento até as residências. Todos estavam contentes. Em pouco tempo estava atendendo as Zonas 1, 4 e 5, com fornecimento direto com água. No ano de 1960, já estavam 21 poços funcionando. Em média, eles tinham 12 metros de profundidade, jorrando 40.000 litros/hora. Cada proprietário pagava pelo produto 800 reis por mês. A água também chegava às obras do Hospital Santa Rita, do Colégio Marista e outras pequenas construções”.

Ao mesmo tempo em que eu procurava sanar o problema da população, políticos se movimentavam com a campanha do próximo prefeito de Maringá. Eleito João Paulino Vieira Filho, este dava início a uma empresa municipal para tratar da situação da água em toda a cidade, fundando a Codemar, tão logo começou o serviço municipal. Paulino, muito influente na área do judiciário, conseguiu uma autorização junto a Justiça, impedindo meu fornecimento de água à população. A medida foi tão impiedosa que uma corporação policial (por ordem de Paulino e Marco Antônio, diretor da Codemar), veio até minha empresa, armados com carabinas e mostrando a ordem do Juiz. O confronto foi inevitável. Eles com carabina e nós com cabos de vassoura. Como a luta era desigual, as autoridades entraram na empresa e jogaram 20 litros de óleo nos poços. Para impedir fornecimento da água, também meteram picaretas nos canos das ruas. Ainda inconformados, no dia seguinte, o mesmo grupo jogou mais 50 litros de óleo, acabando de vez com minhas instalações e nem sequer indenizaram pelo prejuízo que tive. Até hoje ninguém falou mais em repor este montante e mais uma vez os poderosos venceram. Como as coisas são engraçadas: alguns anos mais tarde, o mesmo prefeito João Paulino deu de mão beijada, toda estrutura da Codemar para a Sanepar", Antônio Marin Filho. 

Fontes: Acervo de O Diário do Norte do Paraná / Acervo do jornalista Marcelo Bulgarelli / Acervo Maringá Histórica. 

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