A imagem da década de 1970 mostra Tercílio Men junto de sua sanfona, Paolo Soprani. Infelizmente, a mulher à direita ainda não foi identificada. Se tiver informações, deixe um comentário.
Nascido em Itápolis, interior de São Paulo, Tercílio Men chegou a Mandaguari no ano de 1951. Aos 13 anos, ganhou a sua primeira sanfona. Era um instrumento com 48 baixos e o fole furado. A gaita foi adquirida do senhor João Grossi. Com aquele instrumento, deu os primeiros passos no mundo da música e em pouquíssimo tempo realizou a sua primeira apresentação.
Com destreza nos dedos e o ouvido afiado, Tercílio Men chegou a participar da inauguração das novas instalações da rádio Guairacá de Mandaguari. Depois, ao lado da dupla Caixeirinho e Cacheado, compôs a canção “Disco Voador”, que seria registrada mais tarde por Palmeira e Biá.
Tercílio Men se mudou para Maringá em 1953. Dois anos antes o então distrito havia sido elevado à Município, acelerando ainda mais o seu crescimento. Foi quando a nova sede da Rádio Cultura foi inaugurada na esquina da avenida Herval com a avenida XV de Novembro. Além do estúdio, o prédio abrigava um grande auditório onde diversos programas eram transmitidos ao vivo. Coronel do Rancho, Clube do Caçula e “Ai vem o espetáculo”, eram alguns deles.
Essa emissora acabou contratando o regional de Tercílio Men, que era um grupo de músicos de acompanhamento. Esse tipo de profissional era muito requisitado na época, visto que os grandes cantores não faziam turnês com suas bandas. Os shows ocorriam com músicos locais. Além disso, os regionais ainda eram responsáveis pelas bases musicais dos tradicionais espetáculos de calouros.
Em 1956, logo que se casou, Tercílio Men se mudou para Curitiba, quando foi contratado pelo então Banco de Curitiba S.A., e pelo depois Banco Comercial do Paraná. Da capital, foi transferido para Cambé. Mesmo como bancário, não abandou sanfona. E chegou até mesmo a ganhar mais como músico que com a rotina no banco.
De Cambé, Tercílio conseguiu transferência e retornou para Maringá. Muito querido pela população, em 1972 concorreu pelo MDB para o cargo de vereador. Na campanha, animou muitos comícios do então candidato a prefeito Silvio Barros, que logrou êxito naquela disputa. Tercílio Men também venceu, contabilizando 742 votos.
No final dos anos 1970, a sanfona perdeu espaço para os órgãos elétricos. O mundo da música passava por uma grande transformação e isso impactou diretamente na vida de Tercílio Men e outros de sua época. Aqueles que tinham grande habilidade, devido à complexidade para a execução de alguns clássicos do sertanejo, viu o rock e o iê-iê-iê mudarem hábitos e gostos de muitos jovens.
Com o passar dos anos, Tercílio Men inovou por diversas oportunidades em sua carreira musical, mas sempre mantendo o repertório que traduzisse a tradição que o fez entrar no meio artístico. Incontáveis bailes tiveram os ritmos ditados por seus dedos que caminham pelo teclado da gaita. E, certamente, milhares de maringaenses já desfrutaram desse momento único em suas vidas.
Tercílio Men ainda fundou uma Associação dos Músicos, da qual foi presidente, e integrou a diretoria do Sindicato dos Bancários de Maringá e a Associação dos Pioneiros de Maringá. Com quase 90 anos, segue ativo com os tradicionais bailes que comanda no salão social do Centro Social Urbano, na região da Vila Morangueira.
Fontes: Acervo Foto Maringá / Acervo Família Ferreira Lopes / Acervo Maringá Histórica.