José Jezu Flor – Pequena biografia

1921

Imagem 1 – O jovem Padre José Jezu Flor.  Acervo de Renato Casimiro

Marco Antonio Deprá

José Jezu Flor nasceu no dia 12/05/1921 na cidade cearense de Juazeiro (atual Juazeiro do Norte), filho de Maria das Dores Flor e de Antônio Timóteo do Nascimento Flor.

Foi batizado em Juazeiro no dia 22/05/1921, na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, tendo como madrinha Joana Tertulina de Jesus (Beata Mocinha) e como padrinho o Padre Cícero Romão Batista, que à época já tinha os seus direitos sacerdotais cassados e exercia o cargo de prefeito do município de Juazeiro.

Imagem 2 – Padre Cícero Romão Batista, padrinho de batismo de José Jezu Flor.  Acervo de Renato Casimiro

Jezu Flor recebeu a primeira comunhão na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, em Juazeiro, cidade onde também realizou seus estudos primários.

Encorajado pelo seu padrinho Padre Cícero Romão Batista, José Jezu Flor foi estudar no Seminário Menor da Diocese do Crato, a 12 km de Juazeiro.

Os estudos superiores de filosofia e teologia foram realizados no Seminário Maior São José, em Mariana (MG).

Jezu Flor foi ordenado padre no dia 27/05/1945, na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores em sua cidade natal, que a partir de 30/12/1943 teve seu nome alterado para Juazeiro do Norte. Jezu Flor atuou como padre nesta paróquia pelo menos até fevereiro de 1946.

Nesta época, também atuou como pároco interino da Paróquia de Santo Antônio, em Barbalha (CE), a 12 km de Juazeiro do Norte.

Em 31/03/1948, Jezu Flor tomou posse como pároco da recém criada Paróquia Nossa Senhora das Graças, instalada na cidade de Paulo Jacinto, no Estado de Alagoas. Ali criou a Escola Paroquial e permaneceu por cerca de doze meses.

Posteriormente, Jezu Flor ingressou na Ordem Carmelita e partiu para a Espanha, onde permaneceu por um tempo.

De volta ao Brasil foi residir em Goiânia (GO), onde lecionou diversas disciplinas em estabelecimentos de ensino de nível médio e superior entre os anos 1952 e 1955. Nesta época também exerceu o cargo de Diretor da Divisão de Ensino Secundário e de diretor do Jornal Arquidiocesano “Brasil Central”.

Entre os dias 14 e 21/02/1954, Jezu Flor participou do 1º Congresso Nacional de Intelectuais, ocorrido em Goiânia (GO). O evento foi organizado pelo Partido Comunista do Brasil – PCB tendo como temática central a defesa e preservação da cultura nacional. O evento contou com 300 participantes, incluindo nove delegações estrangeiras. O poeta Pablo Neruda participou da abertura desse Congresso.

Jezu Flor teve uma atuação importante em Curitiba, capital do Estado do Paraná. Além de iniciar o curso de graduação em jornalismo, desenvolveu diversos trabalhos evangelizadores:

  • no início de janeiro/1956 apresentava o programa “Meditação Matinal” na Rádio Marumby;
  • em abril/1956 foi pregador das novenas durante os festejos na Paróquia São Francisco de Paula;
  • no mesmo mês de abril/1956, fez pregações durante grandiosa festa popular na Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe e oficiou missa de Páscoa dos funcionários dos Correios e Telégrafos;
  • em setembro/1956, fez palestra aos estudantes no Colégio Estadual do Paraná, durante evento promovido pela União Paranaense dos Estudantes Secundaristas. À época, a sociedade curitibana o considerava “uma das mais gratas personalidades intelectuais do Estado do Paraná”;
    • também no mês de setembro/1956, realizou palestra durante a Semana Bíblica no curso de extensão universitária. Matéria de jornal informava que o padre era “conhecidíssimo e apreciado pela sua cultura e eloquência”;
  • ainda no mesmo mês, fez pregações durante a novena na Festa da Padroeira da Paróquia de Santa Terezinha, de Curitiba, e entronizou dois crucifixos nos salões de refeições da Casa do Estudante Universitário;
  • no mês de outubro/1956, proferiu palestra na Faculdade de Direito da Universidade do Paraná, com o tema “Impedimentos Matrimoniais no Direito Canônico e no Direito Civil”;
  • Também em outubro/1956, participou das eleições da nova diretoria do Centro Acadêmico Jackson de Figueiredo, da Faculdade Católica de Filosofia de Curitiba, em que foi eleito para o cargo de orador. À época, Jezu Flor era graduando do curso de jornalismo.

Em maio/1956, Jezu Flor foi nomeado capitão da Aeronáutica pelo Presidente da República, por um período de três anos, para exercer as funções de capelão militar da Aeronáutica, cargo que ocupou até 05/04/1957, quando foi exonerado.

Posteriormente a este período, não há notícias das atividades exercidas pelo padre Jezu Flor, mas sabe-se que atuou no território da Arquidiocese de Porto Alegre (RS).

Em 1961 atuava em Santa Maria (RS) como professor de psicologia educacional na Faculdade de Filosofia e de Introdução à Ciência do Direito na Faculdade de Direito.

Em 07/06/1961 Jezu Flor assinou, junto com a totalidade dos padres da cidade gaúcha de Santa Maria, um documento público em repúdio ao pronunciamento feito há alguns dias por Luiz Carlos Prestes com críticas ao clero e à igreja. 

Depois disto, Jezu Flor voltou para o Estado do Paraná, chegando à cidade de Paiçandu no dia 02/08/1962. Seis dias depois, tomou posse como primeiro pároco da Paróquia Santo Cura d´Ars, criada naquele mesmo dia 08/08/1962 por Dom Jaime Luiz Coelho, bispo da Diocese de Maringá. Sua posse foi dada pelo padre Benedito Vieira Telles, que à época era o cura da Catedral Nossa Senhora da Glória, de Maringá. Na ocasião houve a apresentação da Fanfarra do Colégio Marista, de Maringá.

Em 13/02/1963, Jezu Flor, juntamente com Dom Jaime, visitou as terras gaúchas indo até Porto Alegre, onde cursava o 3º ano da faculdade de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica.

Em 25/08/1963, Jezu Flor inaugurou a Casa Paroquial da Paróquia Santo Cura d´Ars.

Em 08/11/1963, por causa de sua dedicação à Igreja, Jezu Flor foi agraciado pelo bispo Dom Jaime com o título de Cônego Honorário da Catedral Diocesana Nossa Senhora da Glória. As insígnias referentes ao título seriam recebidas somente no dia 04/08/1965.

Em 1963, Jezu Flor já era professor da Faculdade Estadual de Economia de Maringá, que funcionava no prédio do atual Instituto de Educação Estadual de Maringá.

Em Paiçandu, nos meses que antecederam o Golpe Militar que derrubou o presidente João Goulart, entre os dias 25/01/1964 e 12/02/1964, Jezu Flor convocou a pregação das Santas Missões Populares, com o auxílio dos padres palotinos de Curitiba.

Em 08/03/1964, Jezu Flor criou a Secretaria de Assistência Social da Paróquia Santo Cura d´Ars, que funcionava na Casa Paroquial e que distribuía viveres e remédios aos pobres.

Com a deflagração do Golpe Militar em 31/03/1964, as camadas conservadoras da Igreja Católica ignoravam as mensagens de cunho social do papa João XXIII, sendo que agentes religiosos colaboraram com o golpe, inclusive como delatores, por considerar que o regime militar frearia o "comunismo ateu". Elas encontraram respaldo no plano Caritas ("caridade" em latim), financiado por católicos de países ricos e implantado em quase todas as dioceses do Brasil. O Caritas buscava atenuar os efeitos da crise socioeconômica que atingia o país através da distribuição de alimentos e medicamentos, mas, ao mesmo tempo, doutrinava os pobres a se contrapor aos ideais revolucionários, em alta desde o sucesso do grupo que promoveu a Revolução Cubana de 1959.

Em 12/04/1964, Padre Jezu Flor liderou em Paiçandu a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, que teve a presença do bispo Dom Jaime Luiz Coelho. A Marcha foi o nome comum de uma série de manifestações públicas ocorridas entre 19/03 e 08/06/1964 no Brasil, em resposta ao que foi considerada, por militares e setores conservadores da sociedade, uma ameaça comunista representada pelas ações dos grupos radicais que se opunham ao novo regime.

Em 29/12/1964, Jezu Flor sofreu um atentado a tiros em Paiçandu.  Apesar de não ter sido ferido, três meses depois, em 15/03/1965, pediu ao Bispo seu afastamento da Paróquia, “estando sob constantes ameaças e sabotagem por parte do prefeito Laurindo Palma e seus apaniguados”. O pedido foi negado por Dom Jaime e Jezu Flor permaneceria na paróquia por mais quase 10 anos. À época uma expressão proferida recorrentemente pelo Padre Jezu Flor ficou famosa entre seus alunos; “Calma Palma”, em referência aos seus atritos com o prefeito.

Além de atuar em Paiçandu, Padre Jezu Flor realizava trabalhos em Maringá e estudos em outras cidades. Na primeira metade dos anos 1960, era o principal orador durante a cerimônia de encerramento da Procissão do Encontro, que ocorria em todas as Sextas-Feiras Santas em Maringá. Era um orador muito estimado pelos jovens estudantes. O evento reunia fiéis que saíam em procissão da Catedral e da Capela Santa Cruz e se encontravam no Posto Maluf, em frente à Praça José Bonifácio.

Em 1965, Jezu Flor dedicou-se com afinco à fundação do Ginásio Estadual de Paiçandu, hoje Escola Estadual Princesa Izabel.

Em 08/07/1965, Jezu Flor foi nomeado consultor diocesano por Dom Jaime, pelo período de três anos. 

Em 04/08/1965, recebeu as insígnias referentes ao título de Cônego Honorário da Catedral Diocesana Nossa Senhora da Glória, que havia sido concedido em 08/11/1963.

Jezu Flor graduou-se em Direito pela Universidade Estadual de Londrina – UEL, em 30/03/1967.

O Cônego José Jezu Flor exerceu o cargo de pároco da Paróquia Santo Cura d´Ars por cerca de doze anos, até o dia 19/01/1974.

Em 18/02/1974, Jezu Flor foi contratado como professor pela Universidade Estadual de Maringá, onde lecionou as disciplinas de Geografia Econômica e Geopolítica.

Em 1976, o Cônego Jezu Flor participou do 41º Congresso Eucarístico Internacional da Filadélfia, nos Estados Unidos, como representante da Diocese de Maringá. Também participaram desse congresso Dom Hélder Câmara e Madre Teresa de Calcutá.

A partir de então, Jezu Flor passou a exercer diversas funções em Maringá, dentre as quais as de: 

  • Capelão do Colégio Santa Cruz; e
  • Capelão da Universidade Estadual de Maringá. 

Também celebrava cerimônias fúnebres nas Capelas Mortuárias de Maringá.

Em 19/05/1977, Jezu Flor foi inscrito como advogado na subseção de Maringá da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB.

Em 11/10/1979, o Cônego Jezu Flor deu a Benção ao novo prédio do Banco do Brasil S/A, construído na esquina da Avenida Duque de Caxias com a Rua Santos Dumont, no centro de Maringá.

Em 1980, houve o agravamento de uma enfermidade que Jezu Flor tinha nas pernas (artrose em ambos os joelhos, úlcera e artrite nos tornozelos) que o impedia de ficar de pé ou de joelhos e de andar. Por este razão solicitou licença em 06/11/1980 para: celebrar missa e os sacramentos sentado; dispensa de reuniões em lugares tumultuados; demissão da assistência eclesiástica no Núcleo Arquidiocesano da Conferência dos Religiosos do Brasil - CRB e do Secretariado Arquidiocesano de Vocações; confirmação de juiz da Câmara Auxiliar do Tribunal Eclesiástico Regional, de coordenador do Departamento Arquidiocesano dos Meios de Comunicação Social e de auxiliar da Equipe de Ministros Extraordinários da Eucaristia; troca de designação de “assistente” eclesiástico para “auxiliar” do Departamento Arquidiocesano da Pastoral Universitária; continuar atendendo ao Colégio Santa Cruz, Casa de Retiros Recanto Pascal e residência das Irmãs de São Carlos de Lyon, Albergue Noturno e Núcleo Social Papa João XXIII; prosseguir ajudando colegas padres dentro de suas possibilidades; permanecer a serviço da Arquidiocese.

Em 22/11/1980, Jezu Flor deu a Benção às instalações da nova Sede Social da Associação Atlética Banco do Brasil de Maringá – AABB, durante os festejos dos 20 anos de fundação daquela entidade.

Em 21/06/1982, Jezu Flor foi nomeado como 3º pároco na Paróquia São Miguel Arcanjo, no Bairro Aeroporto, de Maringá. Mesmo com a saúde abalada, além de assumir os encargos da função de pároco, Jezu Flor atuava como professor da UEM, ministrava aulas de filosofia no Seminário e exercia as seguintes atividades como padre: Capelão da UEM (com dois cultos eucarísticos diários) e Capelão do Recanto Pascal (com atendimento diário). Também tomava conta da Capela do Colégio Santa Cruz todos os dias, a pedido do Padre Geraldo Schneider, pároco da Paróquia Cristo Ressuscitado, onde Jezu Flor auxiliou nos trabalhos pastorais e exerceu a função de cooperador e de vigário encarregado. 

De acordo com o Diácono Beto Brescansin, da Paróquia São Miguel Arcanjo: “o homem era de uma garra impressionante para evangelizar e trabalhar. Posso testemunhar que, ao entrar na casa paroquial, me deparava com uma biblioteca tão grande de fazer inveja a muitas bibliotecas de pequenas universidades. E pelo que sabemos, a maioria dos livros estavam lidos e não apenas como enfeite de prateleira.”

Imagem 3 – Cônego José Jezu Flor. Acervo de Renato Casimiro

Em 14/04/1984 o Cônego Jezu Flor deu a Benção às novas instalações do Museu da Bacia do Paraná, instalado no Campus Sede da UEM, inauguradas oficialmente naquela data.

Já debilitado pela doença e com 63 anos de idade, Cônego Jezu Flor teve a iniciativa de liderar uma campanha em prol da reabilitação do Padre Cícero Romão Batista, que fora suspenso de suas ordens sacerdotais. Para tanto, baseou-se nos estudos de duas religiosas da Ordem das Cônegas de Santo Agostinho sobre o Padre Cícero: as Irmãs Annete Dumoulin (nascida em Liège, Bélgica) e Therezinha Stella Guimarães, nascida em Guaratinguetá e doutora pela Universidade de Louvain, na Bélgica. 

Imagem 4 – Ao centro, Cônego Jezu Flor sentado no altar durante a missa pelos 50 anos da morte do Padre Cícero, celebrada no dia 20/07/1984, em Juazeiro do Norte (CE). Acervo: Renato Casimiro.

Jezu Flor intitulou o padre Cícero Romão Batista de "profeta da minha vocação e meu protetor”, razão pela qual decidiu trabalhar incansavelmente para divulgar os feitos do Padre Cícero, usando sua oratória em reuniões e em programas de rádio pelo Brasil afora.

Em 07/08/1984, por ocasião das comemorações do cinquentenário da morte do Padre Cícero, houve discursos na Câmara dos Deputados, em Brasília. Foi citado que o Cônego José Jezu Flor, sacerdote filho de Juazeiro, de 63 anos de idade, há mais de 30 anos residindo no Paraná, voltou à sua terra e lançou, através das emissoras locais, uma campanha junto à Igreja Católica Apostólica Romana, visando à reabilitação do Padre Cícero, que morreu suspenso de suas ordens sacras. Foi dito que o Cônego José Jezu Flor, era formado em Direito, Jornalismo, Geografia, Filosofia Pura, Pedagogia e Estudos Sociais, sendo professor da Universidade Estadual de Maringá e Vigário Judicial do Tribunal Eclesiástico daquele Estado. A campanha por ele lançada, de âmbito nacional, buscou a adesão de todos os brasileiros, em documento, com suas assinaturas, a ser enviado a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB pedindo a reabilitação do Padre Cícero Romão Batista, que por amor a Cristo e à sua Igreja deu exemplos de obediência e santidade e que foi um apóstolo do trabalho, da caridade, da humildade, de persistência indomável e da fé inabalável.

Em 24/06/ 1985, o Papa João Paulo II recebeu no Vaticano padres cadeirantes de todo o mundo. Cônego Jezu Flor participou dessa audiência, entregando ao sumo pontífice documento pedindo a reabilitação do Padre Cícero. 

Imagem 5 – Em 24/06/1985, o Cônego Jezu Flor cumprimenta o Papa João Paulo II durante audiência no Vaticano. Acervo: Renato Casimiro.

Em 19/08/1985, Dom Jaime escreveu ao prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Joseph Ratzinger, apresentando o Cônego José Jezu Flor, o qual havia entregado ao secretário da mesma Congregação algumas assinaturas em favor da reabilitação do padre Cícero Romão Batista em 25/06/1985. Na mesma carta, Dom Jaime pede que o prefeito da Congregação examine a documentação e a entregue à Cúria Romana.

Já de volta a Maringá, em novembro/1985, o Cônego Jezu Flor sofreu uma série de pequenos derrames. Mesmo assim ele continuou a atender a paróquia e suas capelas, apesar de já ter sérias dificuldades de locomoção.

Jezu Flor atuou como professor da UEM por mais de doze anos. Seu contrato de trabalho com a instituição foi encerrado em 02/06/1986. 

Diante de sua frágil saúde, Jezu Flor deixou a Paróquia São Miguel Arcanjo no dia 15/10/1986. 

Em março/1987, voltou para Juazeiro do Norte, sua cidade natal, onde ficou sob os cuidados do Monsenhor Francisco Murilo de Sá Barreto, vigário da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores.

Jezu Flor faleceu às 4 horas da manhã do dia 30/12/1987 em Juazeiro do Norte. Com 66 anos de idade e 42 anos de vida sacerdotal, faleceu vítima de insuficiência respiratória por edema agudo no pulmão. Foi sepultado no Cemitério Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Juazeiro do Norte. Sua irmã Maria Luzia Flor assim o descreveu: "Não era um homem só, era uma legião... Só entendia a vida servindo a todos os que o procuravam. E o arauto de Cristo, exausto da jornada, adormeceu... Descanse em paz."

Em outubro/1988, a antiga Avenida São Paulo, em Paiçandu, passou a denominar-se Avenida Cônego José Jezu Flor.

Também em outubro/1988, após Santa Missa presidida por Dom Jaime, foi inaugurado o “Salão Paroquial Cônego José Jezu Flor”, na Paróquia São Miguel Arcanjo. O salão ainda é usado para encontros e festas.

Em 05/06/1992, a avenida principal que leva ao Morro do Horto, onde está a Igreja Bom Jesus do Horto e a grande estátua de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, foi denominada Avenida Padre Jezu Flor, em reconhecimento à campanha por ele realizada para a reabilitação do Padre Cícero.

 De acordo com Dom Jaime Luiz Coelho, primeiro bispo e primeiro arcebispo de Maringá, Jezu Flor, além de um orador muito estimado, foi o sacerdote mais culto que já se conheceu na Arquidiocese de Maringá.

Jezu Flor possuía um acervo de pelo menos 10 mil livros, que foram doados ao Seminário Arquidiocesano Nossa Senhora da Glória de Maringá, onde exerceu brilhante ofício de professor por longos anos. Parte de seus livros foi doada para a Biblioteca do Seminário Paulo VI, de Londrina. A maior parte foi doada, a seu pedido, para a Biblioteca Central da UEM.

Jezu Flor graduou-se nos seguintes cursos universitários:

  • Jornalismo, concluído na Pontifícia Universidade Católica, de Porto Alegre;
  • Direito, concluído na Universidade Estadual de Londrina – UEL;
  • Geografia, pela Universidade Estadual de Maringá –UEM (1968-1971);
  • Filosofia, pela Organização Mogiana de Educação e Cultura – OMEC, de Mogi das Cruzes (SP) (1972); e
  • Estudos Sociais, pela UEM (1973-1974).

Também participou de quinze cursos de extensão universitária.

Jezu Flor teve uma monografia sua apresentada ao Governo Federal, pela qual foi premiado com viagem ao litoral, cujo título era “O mar e suas riquezas”.

Foi assessor do Capítulo da Congregação dos Santos Anjos Custódios, na Espanha, cujas religiosas possuem um Colégio em Marialva (PR).

Jezu Flor também foi cooperador na Catedral Basílica Nossa Senhora da Glória, de Maringá.

De acordo com alguns depoimentos, Cônego Jezu Flor era parapsicólogo e tinha o dom da cura e da benção aos doentes usando o poder da mente. 

Destinou parte de suas economias aos pobres e à formação de seminaristas, futuros padres.

Muita gente de Paiçandu e Maringá e parte da imprensa adoravam o Cônego Jezu Flor por ser político assumido e polêmico, sempre externando suas posições políticas e denunciando e enfrentando políticos.

Segundo o Cônego  Ângelo Banki, que o sucedeu na Paróquia Santo Cura d´Ars, Jezu Flor era : “muito alegre, simpático, muito bom de conversa com as pessoas, muito humilde e muito caridoso. Também era brincalhão, não desanimava nunca e tratava a todos por “Ô cabra”.

Quanto ao Padre Cícero, em 2001, decorridos 16 anos que o Cônego Jezu Flor entregou documentos em Roma pedindo a sua reabilitação, o Cardeal Ratzinger , futuro Papa Bento XVI, encomendou estudos e análises para debater o assunto.

Em 2006, Dom Fernando Panico, Bispo da Diocese do Crato, conduziu uma comitiva de religiosos, políticos e fiéis a Roma e também enviou ao Vaticano a documentação técnica para a reabertura do processo de reabilitação do Padre Cícero. 

Somente em 13/12/2015 a Igreja Católica concedeu o perdão ao Padre Cícero. 

Em 20/08/2022, durante uma missa realizada no largo da Capela do Socorro, em Juazeiro do Norte, o bispo do Crato, Dom Magnus Henrique Lopes, afirmou que recebera da Congregação para a Causa dos Santos o “nihil obstat”, datado de 24/06/2022, para dar início ao processo de beatificação de Padre Cícero, agora intitulado "Servo de Deus".

Em 30/11/2022 deu-se início à fase diocesana do processo de beatificação do Padre Cícero.

Observação: 
Em minhas pesquisas deparei-me com outras formas de grafia do nome do padre, tais como: Jesu Flor, Jezú-Flor, Jezú-Flôr, Jesuflor, dentre outras. Preferi adotar Jezu Flor.

Fontes:
Acervo de imagens de Renato Casimiro, professor e pesquisador de Juazeiro do Norte (CE)
Arquivo Pessoal – Marco Antonio Deprá
Hemeroteca da Biblioteca Nacional (periódicos)
Informações da Diretoria de Pessoal da Universidade Estadual de Maringá
Livro: Dados Biográficos dos Homenageados em Logradouros Públicos de Juazeiro do Norte – Volume II, de Raimundo Araújo e Mário Bem Filho
Livro: História da Paróquia São Miguel Arcanjo, de Edson Roberto Brescansin
Livro: Intrépidos Missionários da Igreja no Paraná. Coordenador: Jurandir Coronado Aguilar
Livro: O Padre Santo de Juazeiro, de Sávio Hedwiges
Revista: História de Paiçandu


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