Quando o arcebispo queria excomungar o juiz - 1996

1996


O tema aborto já foi por diversas vezes assunto dos jornais de Maringá. Porém, a maior repercussão ocorreu em dezembro de 1996. 

Naquele ano, ocorreu uma autorização judicial para um aborto. O pedido foi feito à Justiça por um casal de Maringá após a constatação de que o feto sofria de anencefalia (falta de cérebro).

Religiosos se dividiram, mas o então o arcebispo Dom Jaime Luiz Coelho, aos 81 anos, foi contundente: ameaçou de excomunhão todos os envolvidos no caso. 

Entre os ameaçados, o juiz Luiz Carlos Gabardo.  Em entrevista à Folha de S. Paulo, disse que deferiu o pedido de interrupção da gravidez de acordo com sua consciência e "interesse social". 

No dia 11 de dezembro de 1996, o arcebispo de Maringá publicou nota em jornais sobre o caso. Dom Jaime disse que "(...) todos que tiverem participação sofrerão a excomunhão". "O Código de Direito Canônico e a Legislação Canônica são claros. Quem procurar o aborto, incluindo cúmplices, será automaticamente excomungado", escreveu. 

Segundo o arcebispo, a ameaça envolvia o juiz, o promotor, o advogado do casal e o próprio casal, além de médicos e enfermeiras.

Promotores públicos distribuíram nota em solidariedade ao juiz e ao promotor, chamando o arcebispo de "ultraconservador".

Dom Jaime retrucou dizendo que agradecia a designação, "(...) defendo uma doutrina que tem mais de 2.000 anos."


Dom Jaime Luiz Coelho aparece ao lado do então Papa João Paulo II nos anos 1990. 

Fontes: Folha de S. Paulo de 14 de dezembro de 1996, por José Maschio / Acervo do jornalista Marcelo Bulgarelli / Acervo Arquidiocese Metropolitana de Maringá/ Acervo Maringá Histórica.  

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