Ao questionar qualquer maringaense sobre um personagem de
destaque nas artes cênicas em nível local, certamente, boa parte fará alusão do
nome cedido ao teatro municipal: Calil Haddad. Apesar da exatidão, poucos
trarão detalhes acerca deste homem.
Calil Haddad nasceu em 26 de setembro de 1926, na cidade de
Jaú, interior de São Paulo. Cursou o primário na Escola Isolada de Jataizinho e
o ginásio no Colégio Cristo Rei, em Jacarezinho-PR. Segundo relatos, Calil se
destacava nas disciplinas de francês, latim e matemática.
Tendo vindo para Maringá em 1946, a família Haddad composta
por doze membros, incluindo seu patriarca Nassib Haddad e sua matriarca Regina
Haddad, organizou-se junto ao comércio local na área que ficaria conhecida anos
mais tarde por “Maringá Velho”. Mais tarde, já formado em direito, Calil não exerceu sua
profissão. Na verdade, começou a lecionar e descobriu sua vocação em sala de
aula.
Sua grande paixão, no entanto, se voltava ao teatro. Calil
havia se tornado frequentador assíduo de circos, salões paroquiais e programas
de auditório. Com frequência seguia para as grandes capitais a fim de
presenciar os maiores espetáculos do país.
Munido desses sentidos aguçados para as artes cênicas, fator
raro de se encontrar em zonas pioneiras em formação, Calil começou a planejar a
constituição de um grupo de teatro amador na cidade. Foi Victor Andreatta – um alemão radicado no Brasil e que
dedicou boa parte da vida ao circo – que transmitiu a Calil Haddad os
conhecimentos sobre direção teatral e os melhores meios de extrair o potencial
de uma pessoa no ato de atuar.
Contudo, mesmo com toda a estrutura teórica, o maior desafio
de Calil foi angariar pessoas para os palcos. Mesmo sendo amadorístico, os
habitantes da década de 1950 se dedicavam integralmente as suas atividades
profissionais, restando pouco ou nenhum tempo para o ócio.
Transpondo essa barreira natural, Calil empregou seu olhar
clínico pelas vias públicas em busca de cidadãos comuns. Uma das primeiras a
serem arregimentadas para seu projeto foi Leila Assef, que até então era
proprietário de um bar na Vila Operária. A partir dela, outros vieram a
integrar o pequeno grupo que deu origem ao Teatro Maringaense de Comédia (TMC),
em 1956, e que passou a contar com a direção de Calil Haddad.
O TMC improvisou como seus locais de ensaio e apresentações
o salão paroquial da Igreja São José, o auditório da Rádio Cultura e o salão
nobre do então Ginásio Gastão Vidigal. E, mesmo com as dificuldades
financeiras, o grupo conseguiu apresentar sete espetáculos entre 1959 e 1968,
tendo destaque de suas atividades na década de 1960.
29 de agosto de 1959. Apresentação da peça “Irene: comédia
em 3 atos”, de autoria de Pedro Bloch.
Apesar de não ter sido o único grupo teatro existente
naquele período – sabe-se da existência dos grupos de Oscar Leandro e do Teatro
Pioneiro (GTP) – o destaque ainda fica com o organizado por Calil Haddad,
devido ao grande número de pessoas mobilizadas em prol da arte na atuação naquele início de atividades artísticas em Maringá.
Fonte: Gerência de Patrimônio Histórico de Maringá / Acervo Maringá Histórica.
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