Que rua é essa? Madre Suely Alice Giron

1970

Com texto de Marco Antonio Deprá.

Em sua maioria, as ruas e avenidas da Vila Operária foram denominadas pela Companhia de Terras Norte do Paraná – CTNP, empresa fundadora de Maringá, para lembrar personagens, lugares e fatos ligados a conflitos envolvendo o Brasil e outras nações.

Exemplo disto é a Rua Tabocas, que faz referência à Batalha do Monte das Tabocas, um confronto ocorrido em 03/08/1645, durante a Insurreição Pernambucana, episódio que marcou a primeira grande vitória luso-brasileira contra os holandeses, abrindo caminho para a expulsão deles do Brasil.

Através da Lei Municipal nº 771, de 08/09/1970, a Câmara Municipal de Maringá decidiu alterar a denominação da Rua Tabocas para Rua Madre Suely Alice Giron, em homenagem à religiosa que viveu em Maringá entre os anos de 1958 e 1963, e que deixou profundas marcas nas vidas de muitos maringaenses.

Suely Alice Giron

Nascida em Caxias do Sul (RS), no dia 22/01/1933, Suely Alice Giron entrou, ainda jovem, para a Congregação das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, entidade fundada, em 03/05/1928, por Dom Francisco de Campos Barreto, Bispo de Campinas (SP), e pela Madre Maria do Calvário (Maria Villac), que se tornou a primeira Superiora Geral da irmandade.

Irmã Suely Alice estava vinculada à Província do Coração Eucarístico de Jesus Crucificado, criada em 15/09/1955, em Porto Alegre (RS), para administrar as obras da Congregação nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, quando decidiu vir para Maringá.

Em 1958, Irmã Suely Alice chegou na cidade para atuar na Casa Nossa Senhora da Glória, fundada, em 15/08/1957, pela Congregação das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado.

Ainda em 1957, as Irmãs haviam criado o Pensionato Nossa Senhora da Glória, destinado a abrigar meninas de outras cidades da região que desejassem estudar em Maringá. No Paraná, a Congregação mantinha um pensionato em Curitiba, inaugurado poucos meses antes, em 01/03/1957, para abrigar vestibulandas e universitárias na capital do Estado.

No dia 29/10/1957, as Irmãs fundaram também a Obra dos Tabernáculos, que, com a colaboração de senhoras da sociedade maringaense, confeccionava alfaias para celebrações eucarísticas, vestes litúrgicas, bordados em toalhas, pinturas em panos e crochês.

No início de 1959, a Irmã Suely Alice colaborou na criação do Jardim São José, para educação infantil, e de uma escola que ofertava o curso primário para meninas impossibilitadas de estudarem no Colégio Marista, que só admitia estudantes do sexo masculino naquela época.

As instalações da Casa Nossa Senhora da Glória serviam de ponto de encontro dos membros da Juventude Estudantil Católica – JEC, organização criada, em 1958, pelo bispo Dom Jaime Luiz Coelho, para reunir estudantes, com o objetivo de fomentar lideranças e de conscientizar os jovens sobre as transformações político-sociais exigidas pelo pós-guerra e pelo processo de urbanização do Brasil.

Com o tempo, além do pensionato, as irmãs criaram cursos para aprimoramento da juventude feminina. O humilde jardim da infância e a escola primária converteram-se no Colégio Nossa Senhora da Glória, a meio caminho entre os colégios católicos Santa Cruz e Marista.

Em 09/01/1961, Dom Jaime e as irmãs da Congregação fundaram a Obra do Berço, serviço assistencial que teve o auxílio de um grupo de senhoras voluntárias, que realizaram um intenso trabalho social e de promoção humana, assistindo gestantes carentes e suas famílias. Dentre outras atividades, faziam entrevistas com gestantes, ministravam palestras sobre planejamento familiar, higiene e nutrição, faziam encaminhamento para exames pré-natal e a hospitais e realizavam bazares beneficentes e distribuição de enxovais.

As irmãs também desenvolviam atividades de evangelização e catequese, atuavam em grupos de reflexão e faziam atendimentos às populações pobres dos bairros da periferia. Também promoviam cursos profissionalizantes, tais como corte e costura, artesanato, prendas domésticas, pintura, bordados e para cabeleireiras.

Após cinco anos de trabalho em Maringá e com a saúde frágil, Irmã Suely Alice decidiu voltar para Porto Alegre, a fim de ficar mais próxima de sua família, que residia em Caxias do Sul.

Irmã Suely Alice Giron faleceu em 21/07/1969, aos 36 anos de idade.

Nota publicada na edição de 16/08/1969, do periódico Pioneiro, de Caxias do Sul.

A Rua Madre Suely Alice Giron situa-se na Vila Operária (Zona 3), entre a Rua Santos Dumont e a Avenida Mauá.

Em amarelo, o traçado da Rua Madre Suely Alice Giron.

Para mais informações sobre a atuação da Congregação das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado em Maringá, clique AQUI.

Fontes: Sites - Maringá Histórica e Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional / Livro: “A igreja que brotou da Mata”, de Orivaldo Robles /

Instituto Isa e Gastão de Mesquita Filho / depoimento da Irmã Otilde Rubin Piccin.

Revisão do Texto: Flávio Augusto de Carvalho.

Outras publicações:

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