1960
A edição de O Jornal de Maringá de 21 de agosto de 1960 registrou um episódio revelador sobre o clima político vivido pela cidade naquele período eleitoral. Sob o título “Placas do candidato João Paulino e José Olímpio danificadas”, o periódico trouxe à tona as tensões que marcavam as disputas locais, refletindo um cenário em que a propaganda política extrapolava o debate de ideias e alcançava o espaço público de forma conflituosa.
Segundo a nota, o diretor do jornal havia relatado, dias antes, um gesto ocorrido na estrada Romeira, onde um cidadão rasgou material de campanha do candidato ao senado Nelson Maculan, substituindo-o por propaganda de seu correligionário. O episódio foi utilizado como alerta para os riscos da escalada da intolerância política.
A repercussão do caso levou o candidato a vereador José Olímpio a comparecer à redação do impresso para prestar esclarecimentos, atitude registrada por fotografia que acompanhou a matéria.

O episódio, embora pontual, ilustra como as eleições daquele ano em Maringá se inseriam em um contexto mais amplo de amadurecimento político. A disputa pelas ruas e avenidas, pela propaganda e pela narrativa revela um Município em consolidação, onde o exercício da democracia se manifestava tanto pelo voto quanto pelos conflitos ideológicos.
Às vésperas das eleições, realizadas em 3 de outubro de 1960, despontavam como favoritos João Paulino e Vanor Henriques. Ao final da apuração, João Paulino obteve 5.824 votos, contra 5.485 votos de Vanor Henriques, além dos 2.080 votos atribuídos a Duque Estrada.
A disputa foi acirrada. Considerando apenas os votos apurados em Maringá, a vitória estava com o candidato da UDN. Somente após a apuração das urnas de Ivatuba, Floresta e Floriano, então distritos, é que o PSD conquistou aquela disputa. A eleição mais disputada da história local foi assim analisada pelo historiador Reginaldo Benedito Dias:
“A Lei estadual nº 4.245, de 25 de julho de 1960, havia promovido nova subdivisão territorial no Paraná. No município de Maringá, implicou a emancipação dos distritos de Ivatuba, Floresta e Paiçandu (Floriano também estava naquele pacote, mas sua emancipação foi revertida), cujas eleições para prefeito realizaram-se, porém, em novembro de 1961. Nesse intervalo, ocorreu a eleição para prefeito de Maringá. Na totalização final, foram computados os votos dos antigos distritos. Sem esses votos, as urnas favoreciam o candidato da UDN [...]. Computados aqueles votos, João Paulino venceu com estreita vantagem.”
Fontes: O Jornal de Maringá, 21 de agosto de 1960 / Gerência de Patrimônio Histórico de Maringá / Da arte de votar e ser votado, de Reginaldo Benedito Dias / Acervo Maringá Histórica.
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