Cartazes por Maringá - 1952

1952

Durante passagem por Maringá, o repórter Vinicius Lima conheceu de perto o cotidiano da cidade, então amplamente comentada Brasil afora como um destino de grandes oportunidades. Enviado pela revista A Semana, Lima registrou suas impressões sobre um território ainda em formação, carente de infraestrutura e de diversos outros avanços.

Do cotidiano observado, entre outras imagens, esta chamou a atenção do repórter: uma parede coberta por diversos cartazes, dentre eles um escrito em japonês. Lima suspeitou tratar-se de alguma propaganda política, já que os maringaenses haviam passado, havia poucos dias, por sua primeira eleição, ocorrida em 9 de novembro de 1952. No entanto, estava enganado.


Na realidade, tratava-se de uma divulgação da Maringá Nihonjin Kai, a Associação dos Japoneses de Maringá. Fundada em 1949, a entidade representava cerca de 65 famílias de imigrantes.

O cartaz apresenta uma combinação de kanji (ideogramas) e katakana (alfabeto fonético), recurso utilizado para a transcrição fonética de termos estrangeiros. Essa técnica permitia à colônia adaptar o conteúdo da mensagem ao vocabulário japonês, preservando a estrutura linguística original enquanto incorporava elementos do cotidiano brasileiro.

Afixado em um estabelecimento de madeira, o anúncio convocava a comunidade para um “Besuka Taikai”, isto é, um grande torneio de bisca. O uso do termo “Besuka”, adaptação fonética japonesa para o popular jogo de cartas, revela um processo significativo de aculturação: a colônia incorporava costumes locais, organizando-os dentro das estruturas tradicionais de suas associações. Esses torneios desempenhavam papel central na vida social, funcionando como momentos de lazer e confraternização entre imigrantes que, à época, dedicavam-se majoritariamente à cafeicultura.

Embora o destaque principal do cartaz seja o torneio de cartas, inscrições menores revelam outros serviços oferecidos pela associação. A leitura das colunas, especialmente as localizadas acima e à esquerda do texto principal, permite identificar: menções a horários ou períodos de atendimento, possivelmente relacionados ao preenchimento de documentos ou à orientação dos imigrantes; orientações sanitárias em japonês, garantindo a compreensão por parte de toda a colônia; referências à arrecadação de taxas ou à renovação de cadastros dos associados, prática comum em editais expostos em locais de grande circulação.

À esquerda do conjunto, há ainda uma divulgação do Guaraná Buosi, empreendido pela Indústria de Bebidas Virgínia. 

Em razão da ampla propaganda, a família Buosi, então residente em Neves Paulista, optou por se mudar para Maringá. No destino, Waldemar Buosi adquiriu um terreno em 1950. Avaliando as condições, iniciou a construção de um prédio na avenida Mauá, onde instalou uma fábrica de refrigerantes, vinagres e um depósito de vinhos. Em homenagem à mãe, a indústria recebeu o nome de Virgínia, sendo fundada em 1º de outubro de 1951.

A Virgínia também passou a funcionar como depósito de cervejas, águas minerais, vermutes e conhaques. Durante os dez primeiros anos de atividades, Waldemar Buosi conciliou duas frentes produtivas na indústria: o engarrafamento de aguardente e a fabricação do guaraná e da soda-limonada Buosi.

Fontes: Revista A Semana, fevereiro de 1953 / Acervo Maringá Histórica.

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