1950
A história de Maringá não se construiu apenas por meio do comércio, da indústria, do atacado e da agricultura. Nos bastidores da cidade, o entretenimento adulto acompanhou o rápido crescimento populacional desde a década de 1940. Conhecidas popularmente como Zonas do Baixo Meretrício (ZBMs), essas regiões abrigavam bordéis e cabarés que atendiam à massa de trabalhadores que chegou à cidade naquele período.
A primeira concentração dessa atividade ocorreu no núcleo inicial da cidade, mais tarde conhecido como “Maringá Velho”, especificamente na baixada da avenida Brasil, nas proximidades da primeira cadeia pública. Com a implantação do moderno projeto urbanístico na área batizada de “Maringá Novo”, esses estabelecimentos foram gradualmente deslocados, e novos passaram a se instalar nas imediações da rua Quintino Bocaiúva, entre as ruas Guaíra e Benjamin Constant.
Relatos da época, como os do jornalista carioca Vinicius Lima, que esteve na cidade em fins de 1952, retrataram um cenário cosmopolita e melancólico. Em matéria veiculada na revista A Semana em fevereiro do ano seguinte, o autor descreveu a presença de profissionais do sexo que se destacavam pela origem e perfil cultural, como Margot, suposta francesa que lia Oscar Wilde e falava sobre existencialismo, e Margareth, que teria vindo da Inglaterra. Lima também mencionou a presença de uruguaias e argentinas que buscavam oportunidades nas terras consideradas promissoras de Maringá. Havia ainda jovens brasileiras, como uma moça de 17 anos, vinda do Rio Grande do Sul, cujos nomes variavam conforme o “homem ou o momento”.
A legenda da imagem de uma meretriz, veiculada naquele impresso, deixa claro: "Pioneiro precisa de carinho".

Na década de 1960, diante de questionamentos de setores da sociedade, empreendimentos desse gênero passaram a ser deslocados para áreas mais afastadas do centro urbano. Foi na Vila Marumbi, após o então Bosque II, que, apesar do estigma e do reduzido amparo do poder público, surgiram diversas casas de diversão.
A partir de 1974, a intensificação da pressão social resultou no fechamento dessas zonas de meretrício, levando as profissionais a atuarem de forma mais dispersa, especialmente nas proximidades da Estação Rodoviária Municipal ou em casas noturnas ainda mais distantes, como o Canjão e a Mansão de Pedra.
Fontes: Revista A Semana, fevereiro de 1953 / Acervo Maringá Histórica.
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