Currais e embarcadouro de bovinos no centro de Maringá

1962

Com texto de Marco Antonio Deprá

Embora a cafeicultura tenha sido a principal atividade rural do Norte do Paraná, a pecuária também era desenvolvida na região. Em Maringá, na década de 1950, o abate de bovinos era feito no Matadouro Municipal e a produção era destinada ao consumo da população local, por meio de açougues instalados no centro da cidade, que atendiam aos consumidores mais abastados, e dos “bucheiros”, profissionais que comercializavam carnes e vísceras em carroças puxadas por cavalos, para a população menos abastada.

Parte dos bovinos criados na região era enviada, a partir das ferrovias, para outras cidades do Paraná e de São Paulo, nas quais já existiam grandes frigoríficos, onde os animais eram abatidos, processados e comercializados.

Os bovinos eram trazidos da região para Maringá a pé, em um processo conhecido como “comitiva boiadeira” ou tropeada. Vaqueiros, montados a cavalo, guiavam e protegiam a boiada pelas estradas até chegar à cidade, onde eram colocados em currais construídos ao lado da ferrovia, próximos ao cruzamento das Avenidas Guaíra e Paraná, ao lado do prédio da antiga cadeia. Ali os animais ficavam por dias, até o embarque em vagões apropriados para o transporte de bovinos vivos.


Google Earth em 2003 – Em amarelo, a área onde foram construídos os currais e o embarcadouro de bovinos, bem ao lado da ferrovia (em vermelho). 

Até então, Maringá ainda não era dotada de energia elétrica de qualidade, o que somente aconteceria com a inauguração da subestação de energia elétrica da Copel, que começou a operar em 20/11/1961, recebendo energia produzida pela Hidrelétrica de Salto Grande, construída no Rio Paranapanema, no município de Salto Grande (SP).

A partir desse divisor de águas, grandes indústrias foram instaladas ou ampliadas em Maringá, como por exemplo os Frigoríficos Maringá e Luso-Brasileiro Central, que eram dotados de câmaras frias para a conservação da carne in natura, depois transportada em caminhões refrigerados para os grandes centros de consumo.

Dessa época em diante, o transporte de bovinos vivos passou a ser feito por caminhões boiadeiros, que traziam os animais desde as fazendas até os frigoríficos de Maringá.

Em 1962, a prefeitura de Maringá cobrava da Rede Viação Paraná–Santa Catarina, que mais tarde, em 1975, seria absorvida pela Rede Ferroviária Federal S/A, a transferência dos currais e do embarcadouro do centro para outra região da cidade.


Fotografia estampada na edição de 30/10/1962 do periódico Folha do Norte do Paraná mostra o prédio da antiga cadeia (à esquerda) e a linha férrea (à direita). Ao centro, os currais e o embarcadouro de bovinos.


Vagão tipo “gaiola” utilizado no transporte de bovinos. Fonte: https://www.brasilferroviario.com.br/tipos-de-vagoes/

Com o fim do transporte ferroviário de bovinos em Maringá, possivelmente em meados da década 1960, tais instalações foram demolidas.

Fontes: Gerência de Patrimônio Histórico de Maringá / Acervo Maringá Histórica / Revisão de Flávio Augusto de Carvalho.

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