Américo Dias Ferraz assassinou o Gerente da Simca - 1962

1962

A notícia estampou o jornal de maior veiculação do Brasil: Folha de S. Paulo.

O impresso de 25 de julho de 1962 trouxe a seguinte chamada de capa: "Matou o gerente da fábrica com 3 tiros". Eis a matéria na íntegra:

Chamada de capa:

Três tiros de revólver calibre 38, disparados à queima-roupa, prostraram sem vida, ontem cedo, o Sr. René Jean Roig, no recinto da diretoria da Simca do Brasil S.A. (São Bernardo do Campo), da qual era gerente de vendas.

Porque estava às portas da falência - e atribuía a responsabilidade do fato à vítima - o ex-prefeito de Maringá, Américo Dias Ferraz, alvejou-o na cabeça, após breve discussão. E, entregando a arma a um dos diretores da firma que acorrera ao local, o criminoso aguardou a chegada da Polícia. O corpo do Sr. René seguirá, ainda hoje, para a França.

Matéria completa:

Revendedor mata gerente de indústria automobilística

Américo Dias Ferraz (38 anos, casado, Av. Rebouças, 2.855) que assassinou o Sr. René Jean Roig, gerente de vendas da Simca, há 4 anos negociava com automóveis nesta capital e a partir de janeiro último pretendeu ser revendedor dos carros Simca. Dessa forma, passou a frequentar os escritórios dos diretores dessa firma a fim de obter a concessão. Segundo suas declarações, diversas condições lhe foram impostas: teria que montar uma oficina, devidamente aparelhada, para os consertos dos automóveis, e além disso, construí-la com extensão de mil metros, reservando espaço de 250 metros para exposição dos veículos. Deveria, também, montar imediatamente uma loja para exposição de carros.

Oficina e loja

Tendo concordado com as condições daquela fábrica, adquiriu um terreno de 2 mil metros de extensão em Santo Amaro, Av. Adolfo Pinheiro, por 18 milhões de cruzeiros. Deu 2 milhões de entrada combinando que o restante seria pago em prestações mensais no prazo de um ano.

Trocou um apartamento que possuía em Santos por uma loja na Av. Brigadeiro Luís Antonio destinada à exposição de veículos.

Disse que preocupado com os gastos que fizera e com os compromissos que havia contraído para o pagamento das dívidas, procurou novamente o gerente de vendas e explicou-lhe que seus gastos foram além dos 30 milhões de cruzeiros e que necessitaria de um bom número de automóveis para negociar.

Somente tranquilizou-se quando obteve resposta de que sua cota lhe permitiria receber mensalmente 30 carros e que talvez com o tempo pudesse chegar a 60.

Carros

Entretanto - afirmou - com o passar dos meses percebeu que a cota havia diminuído. (...) em abril último recebera somente 18 veículos, em maio 6, em junho 3 e durante este mês lhe foram entregues 4 automóveis.

Não se conformando com a situação, resolveu falar com o sr. Roig a fim de que alguma providência fosse tomada. Nessa ocasião, recebeu a promessa de que assim que fosse montada uma possante prensa, que iria aumentar consideravelmente a produção, receberia o restante de sua cota.

Sem concessão

Na quarta-feira última, um agente da Simca - disse Américo, esteve em sua oficina e em conversa (...) informou que sua concessão havia sido encerrada (...)

Dessa forma, o homem enviou dois de seus empregados para conversar com o Sr. Roig e ficou estabelecido que iriam fazer um estudo sobre a situação. Posteriormente lhe dariam uma resposta.

O crime

Ontem pela manhã o concessionário resolveu entrevistar-se com o Sr. Roig. Após algumas horas de conversação, ficou estabelecido que ele poderia continuar com a oficina autorizada e com direito a uma cota.

Contudo, originou-se uma discussão quanto ao número de carros que lhe iriam ser entregues. Alegava o comerciante que se encontrava cheio de compromissos e que somente poderia satisfazer caso recebesse 25 automóveis. Por seu lado, o gerente afirmava (...) talvez e com o correr do tempo, 10.

Em meio a discussão, Américo, usando um revólver, baleou o gerente. Nesse instante a secretária Lidia Kahlau (foto), que se encontrava no recinto, gritou por socorro e desmaiou. O Sr. Valter Ventimiglia, um dos diretores da firma, acorreu ao local onde recebeu do criminoso a arma do crime.

Fonte: Folha de S. Paulo de 25 de julho de 1962 / Blog Maringá Maringá / Acervo Maringá Histórica.

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