A "lei" dos jagunços

2010

O trecho do livro Terra Crua, de Jorge Ferreira Duque Estrada, descreve como eram as ditas "leis" dos jagunços:

A jagunçada tinha lá suas “leis” e suas maneiras de executá-las. Uma delas – as porungas – consistia num modo exquisito de se livrar dos outros, sem gastar munição. Amarravam os braços do “cabra” para trás, colocando, em seguida, as “porungas” (cabaças do mato) bem prêsas nos joelhos ou nos pés, que também são amarrados. Jogado n’água, a cabeça do “bicho” vai ao fundo, enquanto, as “porungas” , muito leves, flutuam juntamente com os pés, descrevendo, no comêço, uma dança desesperada, macabros revolteiros. Depois, lânguida e vagarosamente, vão descendo pelo rio, dando adeus à terra, que vai ficando atrás. Por seu lado, submisso ao seu destino, o “cabra” deixou de respirar...

As vêzes, essa “justiça” tem aplicação quando um jagunço de um “grilo” rio abaixo invade um “grilo” rio acima. Colocam-no nesse original “veículo”, um jocoso bilhete ou “mensagem”, dentro de uma das “purungas”, para os “colegas” de rio abaixo.

A degola não era rara, resquício das gauchadas do tempo das maragatos, sendo a velha adaga substituída pelo moderno facão “collin”. Sôbre êsse feio costume, penso que Alberto e Aníbal poderiam contar histórias empolgantes, embora jamais possam ser responsabilizados por tais “acidentes”. Em geral, da concuspiscência de algum jagunço incorrigível...

Escrevi, certa vez, o roteiro de um filme que se chamaria “GRILEIROS”, contando como se faziam essas coisas. Mas, não encontrei empresário.

Fonte: Livro: Terra Crua - Jorge Ferreira Duque Estrada / Acervo Maringá Histórica.

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