A Preservação em Maringá

1947

A preservação do Patrimônio Histórico Cultural é mais do que o romantismo estipulado por muitos, está baseado por lei (Lei Estadual Nº. 1.211/53 e Lei Municipal Nº. 2.297/87). A primeira lei voltada para a preservação do patrimônio histórico maringaense se deu em 1.964 (Lei Nº. 299) com a criação do Museu Municipal, prevendo a medida de preservação do patrimônio cultural. Quase vinte anos após esta lei, nos anos 1.980 surgi o Projeto Memória, através da lei desenvolvida pelo Historiador João Laércio Lopes Leal juntamente com a comissão de professores da Universidade Estadual de Maringá, sendo eles os professores José Henrique e Sidnei Munhoz1, com o intuito de preservar a memória maringaense com arquivos imagéticos, documentais e orais. Nesta mesma década foi elaborada a lei Nº. 2.297/87, com a importância primeira de regulamentação das políticas dos patrimônios culturais do município, segundo cita Veroni Friedrich:

“...O Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Municipal responsabilizar-se-á pelo conjunto de bens móveis e imóveis existentes no Município, cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história de Maringá, quer por seu excepcional valor arqueológico, etnográfico, bibliográfico, ecológico e artístico [...] Compete, [...] proceder levantamentos, arrolamento e avaliação de bens móveis e imóveis públicos, com afixação de elementos necessários para perfeita indicação de cada unidade, após prévio parecer e análise da Comissão especial devidamente composta pela chefe do executivo Municipal, sob a presidência do Chefe da Divisão de Patrimônio”2.

Mesmo com as leis citadas e as importantes arquiteturas que beneficiaram o desenvolvimento de Maringá, a cidade possui somente cinco bens tombados, sendo quatro através de leis municipais e um por lei estadual.

Os quatro tombados por leis municipais são: a Capela Santa Cruz, tombada 1.988 (construída entre 1.945 e 1.946, com terreno doado pela CMNP na Avenida Brasil esquina com a Rua Santa Joaquina de Vedruna.). Foi tombado pelo seu valor religioso e social, além de sua estrutura arquitetônica de época. A Capela São Bonifácio, tombada em 1.994 através do projeto de lei Nº. 3670/94 (construída entre 1.939 e 1.940), tombada pelo mesmo embasamento da Capela Santa Cruz, localizada na Estrada Vale Azul, lote 1-A e tinha como proprietário até o inicio de 1.954 o padre Emílio Clemente Scherer. A Sede da CMNP (Companhia Melhoramentos Norte do Paraná) na Avenida Duque de Caxias esquina com a Rua Joubert de Carvalho, foi tombada em 2.004 por ter sido o principal centro econômico que Maringá possuiu nos primeiros anos de sua fundação. Por fim, como último bem tombado pelo município, um bem imaterial: a “Festa Junina do Seu Zico Borghi”, através do projeto de lei N°.10.940/2008, com a justificativa que esta mantém sua tradição desde 1.982.


Capela São Bonifácio, ainda com a torre.


Hotel Bandeirantes

Como o único bem tombado pela lei estadual, encontramos o Hotel Bandeirantes (Grande Hotel Bandeirantes), tombado como Patrimônio Cultural da cidade no dia 30 de maio de 2.005, com o número de inscrição de Tombo 156 II. Localizado na Praça Deputado Renato Celidônio, 190, tendo como proprietário particular o Sr. Renato Zwecker3. A ação fora realizada através da Comissão de Patrimônio Histórico do Estado do Paraná.

Contudo, o poder executivo4 da cidade de Maringá havia solicitado mais outros dois tombamentos para o poder público5, os quais haviam sido aprovados. Sendo eles: o painel artístico “Lavoura do Café”6, com o projeto de lei Nº. 5196/93, ficava localizado na Lanchonete Pingo de Ouro na Avenida Getúlio Vargas, que acabou por se perder com a modernidade da cidade. O outro projeto de lei que havia sido aprovado em 1.998 foi o de Nº. 4707/98, que solicitava o tombamento da Capela Nossa Senhora da Aparecida, localizada na Zona Rural de Maringá – Gleba Guaiapó, a respectiva lei se perdeu no esquecimento do poder público. Ficando assim estes dois bens a mercê da destruição.


Capela Santa Cruz

Muitos bens de valor histórico se perderam em meio a modernização constante da cidade. Na década de 1.990 perdemos a Estação Ferroviária que havia sido reconstruída em 1.970, devendo esta ser considerada o motivo de primordial orgulho de todos os que vislumbram o sucesso atual da cidade, pois ela foi uma das três máquinas de transporte (as outras duas foram: a rodoviária e o aeroporto) dos sertanejos, investidores, médicos, tudo e todos que viam tentar a sorte nos idos de 1.940 e 1.950. Em 2.004 foi a vez da Máquina de Café Santo Antônio, que ficava localizada na Avenida Mauá, estudos indicavam que fora construída no inicio dos anos 1.940. A demolição da Máquina de Café foi realizada em meio a muitas discussões e discordâncias, acontecendo no mesmo período da instalação da Comissão de Preservação de Patrimônio Histórico de Maringá, tal comissão havia solicitado o tombamento da Máquina, mas por questões políticas acabou por ser demolida. O Hotel Esplanada, outra importante estrutura para o segmento de hospitalidade, que era localizado em frente a CMNP na Avenida Duque de Caxias, teve sua demolição realizada em Janeiro de 2.005. Uma vez mais em meio a discussões, o alvará de sua demolição foi liberado enquanto a Comissão de Preservação, formada em 2.004, aguardava sua nova estruturação técnica, desta forma a decisão ficou a critério de “profissionais” desqualificados, resultando em mais uma perda. Este local, pouco tempo depois, acabou por se tornar espaço para pequenas lojas, onde os lojistas da rodoviária Américo Dias Ferraz puderam explorar, visto que em 06 de fevereiro de 2.007 a estrutura desta rodoviária havia sido “considerada” perigosa e com risco eminente de desabamento pelo arquiteto Miguel Fujinami.

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Citações:

1 Departamento de História da UEM.
2 Maringá e a conservação do seu patrimônio histórico-cultural. Artigo escrito em 28/19/2007.
3 Apesar do Site Estadual de Patrimonio Histórico indicar como proprietário o Sr. Renato Zwecker, moradores de Maringá reverenciam o Comendador Jacob, já falecido, como proprietário, tendo repassado após sua morte ao seu filho Sr. Ricardo.
4 Câmara de Vereadores.
5 Prefeitura Municipal.
6 Paínel este que fora encomendado pelo 2º prefeito de Maringá, o Sr. Américo Dias Ferraz, para colocá-lo em seu bar Pingo D’Ouro que se localizava na atual Av. Getúlio Vargas. Contracapa do Livro Maria do Ingá de José Hilário.

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Referências:

FRIEDRICH, Veroni. Maringá e a conservação do seu patrimônio histórico-cultural. 28/10/2007. www.factorama.com.br

HOFFMANN, Alessandra Corsato. FANTINI, Paloma Rodriguez. RECCO, Lígia. SILVA, Geisamaria Ferreira de Freitas da. SILVEIRA, Aline Montagna da. MACEDO, Oigres Leici Cordeiro de. Capela São Bonifácio e Capela Santa Cruz: a arquitetura religiosa em madeira em Maringá nas décadas de 1930-40. Texto originalmente apresentado no II Seminário Internacional de História. Organizador: Silvia Helena Zanirato. Maringá, UEM, 2.005.

PELEGRINI, Sandra C. A. O Patrimonio Cultural no Discurso e na Lei: Trajetórias do Debate Sobre a Preservação no Brasil. Doutora do Departamento de História – Universidade Estadual de Maringá – PR. 2.006.

ANDRADE, Arthur. Maringá, Ontem, Hoje e Amanhã. Rumo Gráfica Editora, Maringá 1.979.

JÚNIOR, João Antônio Corrêa. O Trem de Ferro. Editora 5 de Abril Ltda, Maringá 1.991.

HILARIO, José. Maria do Ingá. Editora Abril, Maringá 1.995.

SANCHES, Antenor. Maringá. Sua história e sua gente. Maringá: Massoni, 2002.

ROBLES, Orivaldo. A Igreja que Brotou da Mata. Dental Press Editora, Maringá 2.007.

ESTRADA, Jorge F. Duque. Terra Crua. Curitiba 1.961.

http://www.jornal.uem.br/galeria/displayimage.php?album=30&pos=8

http://www.jornal.uem.br/galeria/displayimage.php?album=30&pos=10

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